Falando em Série | A FEITICEIRA (Bewitched) 1964


Neste post vamos falar da "FEITICEIRA" (Bewitched), mais uma daquelas séries que marcaram a infância e o imaginário de várias gerações. Ainda hoje alguns canais ainda disponibilizam seus episódios aos fãs mais nostálgicos. A história da série é sobre uma feiticeira que se casa com um homem mortal comum e promete levar a vida de uma típica dona de casa suburbana americana. Sucesso internacional nas dezenas de países onde foi exibida. Criada por Sol Saks e estrelada por Elizabeth Montgomery, Agnes Moorehead, Dick York (1964–1969) e Dick Sargent (1969-1972).
A série teve oito (8) temporadas, com 254 episódios, originalmente foi ao ar entre 1964 e 1972. Tendo sido produzida pela rede de TV norte-americana ABC. 


SINOPSE: No enredo da trama temos Darrin Stephens (Dick York), um jovem executivo de uma agência publicitária que, quando sai em lua de mel com sua esposa, Samantha Stephens (Elizabeth Montgomery), descobre seu segredo: ela é uma feiticeira com poderes mágicos. Embora ele a faça prometer que vai viver como uma mortal e não vai usar a magia para afetar a vida dos dois, às vezes ela o faz. Endora (Agnes Moorehead), mãe de Samantha, não aceita que a filha tenha se casado com um mortal e, no subúrbio onde eles moram, a curiosa vizinha Gladys Kravitz (sandra Gould) suspeita que há algo de estranho com a família ao lado, mas nunca consegue explicar as situações estranhas que presencia.

Produzida em um período de turbulência social, a série retratou de forma divertida situações que questionavam a felicidade no casamento, os relacionamentos interraciais, a velhice, a solidão e o feminismo, entre outros temas.

Extremamente popular nos Estados Unidos, a série se tornou a segunda atração mais vista no país em seu ano de estreia e a mais longa série televisiva com temática sobrenatural durante os anos 60 e 70. Ao longo de suas oito temporadas, a série foi indicada aos prêmios mais respeitados da TV. Entre eles 4 Globos de Ouro e 22 Prêmios Emmy. Sendo que o momento mais memorável foi quando a atriz Marion Lorne ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em comédia pela performance de Tia Clara. Lorne faleceu 10 dias antes da cerimônia e Elizabeth Montgomery recebeu o prêmio em nome da atriz.

A Feiticeira surgiu do interesse de Elizabeth e seu marido, o produtor William Asher, de trabalhar juntos. Asher chegou a desenvolver um projeto sobre um casal formado por um frentista e uma herdeira que, ao se casar, concorda em viver dentro do poder aquisitivo do marido. A família dela não concorda com a união da moça com alguém de uma classe social mais baixa e faz de tudo para separar o casal.

Com o título de The Fun Couple, o projeto foi apresentado para a Columbia Television e ao produtor William Dozier (Batman), que achou o enredo muito parecido com o projeto de A Feiticeira, criado dois anos antes por Harry Ackerman. Assim, Dozier sugeriu que Asher e Ackerman se unissem. Asher concordou, na condição de que Ackerman aceitasse Elizabeth como a intérprete de Samantha. Ackerman já tinha convidado a atriz Tammy Grimmes mas, por estar envolvida com uma produção no teatro, ela recusara. Assim, Asher, Ackerman e Elizabeth chamaram Sol Saks e Danny Arnold para escrever os roteiros e definir a personalidade dos demais personagens, dando início à produção de A Feiticeira.

Enquanto o elenco se formava, os produtores enfrentaram a resistência da rede ABC de aceitar o projeto. Por se tratar de uma série sobre bruxas e feitiçarias, os executivos do canal na época achavam que ela afugentaria o público mais tradicional, especialmente aquele do interior. Mas, quando os representantes da Quaker Oats e da Chevrolet começaram a procurar programas para a compra de espaços publicitários, eles ‘se encantaram’ com A Feiticeira. Com a venda garantida para estas duas empresas, a ABC aceitou a série, mas na condição de que ela não fosse transformada em veículo de propaganda/merchandising de novos produtos, através da agência de propaganda onde James e Larry trabalhavam. Assim, uma equipe foi criada com a única função de investigar se os nomes dos produtos e de clientes que apareciam na série já não existiam.

O início das filmagens da série sofreu dois reveses. Logo após a produção do episódio piloto, Elizabeth descobriu que estava grávida. O bebê nasceu durante o período em que a série foi adquirida pela rede ABC. Para não atrasar o cronograma, a atriz começou a filmar os novos episódios menos de um mês após o parto. Por esta razão, ela foi filmada em close-ups ou atrás de algum móvel.

O segundo problema que a produção enfrentou foi a morte de John F. Kennedy. O Presidente americano foi assassinado no dia em que as filmagens tiveram início. Elizabeth e Asher tinham trabalhado na campanha de Kennedy, sendo que Asher chegou a produzir o vídeo no qual Marilyn Monroe canta feliz aniversário para Kennedy. Apesar do choque e para atender ao cronograma estabelecido, eles não interromperam a produção.

A primeira temporada da série ficou em segundo lugar na audiência da rede ABC, perdendo apenas para Bonanza. Registrando a média de 31% entre o público alvo, A Feiticeira foi renovada. Mas conflitos entre Arnold e a rede ABC, que exigia mais cenas de magias, fez com que o roteirista deixasse a equipe de produção, sendo substituído por Jerry Davis, que trouxe mais situações de magia para a segunda temporada. Davis deixou a produção na terceira temporada, período em que a série passou a ser filmada a cores.

A Feiticeira se manteve entre as demais maiores audiências da TV americana ao longo de suas três primeiras temporadas. A série começou a perder fôlego na quinta, quando era visível a falta de criatividade dos roteiristas, que já reciclavam ideias e situações vistas nas primeiras temporadas da série, bem como de outras produções, especialmente I Love Lucy, da qual Asher foi diretor.

Mas a maior dificuldade enfrentada pela produção da série foi a decisão de substituir York por Sargent. Durante a produção do filme Heróis de Barro/They Came From Cordoba, de 1959, York sofreu um acidente que prejudicou sua coluna. Nos primeiros anos que se seguiram ao acidente, York conseguiu controlar os problemas de saúde com medicamentos, o que o levou a se tornar dependente deles. Mas com os anos sua saúde foi declinando, levando-o a perder alguns episódios. A ausência do personagem era justificada com uma viagem de negócio, levando os pais de James a substituí-lo algumas vezes. Mas, durante as filmagens de um episódio da quinta temporada, York desmaiou. O ator foi levado ao hospital, onde os médicos o informaram que ele não tinha mais condições de continuar trabalhando.

Os produtores decidiram substituir o ator, visto que não seria aceitável Samantha se divorciar de James e casar com outro. Assim, Sargent, que tinha sido a primeira opção para interpretar James, foi chamado. O ator trouxe outra dinâmica para o personagem, tornando-o uma pessoa mais serena. Tendo em vista que os problemas de York tinham sido noticiados pela mídia, nenhuma justificativa sobre a troca de atores foi feita dentro da história da série.

York não foi o único a ser substituído ao longo da produção da série. Irene Vernon, que interpretou Louise, a esposa de Larry, durante a fase em preto e branco, foi substituída por Kasey Rogers quando a série passou a ser filmada em cores. Irene pediu para sair para buscar outras oportunidades de trabalho.

Na fase em preto e branco a série também contava com outra atriz como intérprete da vizinha xereta Gladys. Ela era vivida por Alice Pearce, que faleceu vítima de câncer em 1965. Em seu lugar foi chamada Sandra Gould, que era vinte anos mais nova que Tobias, o intérprete de Abner. Por isso, ela precisou envelhecer sua aparência. Os pais de James foram vividos alternadamente por Roy Roberts e Robert F. Simon, que eram contratados por episódio. Assim, eles revezavam no papel dependendo da disponibilidade dos atores.

Talvez a perda mais sentida tenha sido a de Marion, intérprete da Tia Clara. A atriz faleceu em 1968. Ao invés de simplesmente chamar outra pessoa para dar vida à personagem, os produtores decidiram aposentar Clara, que desapareceu da história sem qualquer explicação. Para preencher o vazio que Clara deixou foi criada a personagem Esmeralda, que era tão atrapalhada com seus poderes quanto Clara.

Ao longo da série, Elizabeth ficou grávida mais duas vezes, levando a personagem a também engravidar. Primeiro nasceu Tabatha, interpretada por Heidi e Laura Gentry, depois por Tamar e Julie Young. Na fase em cores, ela é vivida por Erin e Diane Murphy, que permaneceram no elenco até o final da série. Tabatha era feiticeira como a mãe mas, por ser muito pequena, não tinha controle sobre seus poderes, o que gerava uma nova leva de situações. Mais tarde nasceu Adam, mortal como o pai, interpretado por Greg e David Lawrence.

Na década de 70, as séries que se apoiavam na fantasia ou que exploravam o humor ingênuo começaram a ser canceladas para dar lugar às "sitcoms" que introduziam um humor ácido e faziam abertamente críticas sociais e políticas. A guerra do Vietnã, os escândalos políticos e os movimentos sócio-culturais transformaram o público e a televisão. Assim, A Feiticeira começou a perder audiência para a concorrência e logo foi cancelada.

Ao longo de sua trajetória, a série inspirou a produção de Jeannie é um Gênio, pela rede NBC e o desenho Sabrina, personagem da Turma do Archie. Ela também gerou uma spinoff (ou sequência).

Em 1977, a Columbia decidiu produzir a série Tabatha (que em inglês é escrito Tabitha). Visto que Erin (única das gêmeas a ter interesse em continuar sua carreira artística) ainda não era adulta, os produtores selecionaram a atriz Liberty Williams para interpretar a personagem no episódio piloto produzido para avaliação. Ao seu lado estavam Bruce Kimmell, que interpretou Adam, e Archie Kahn, como o namorado de Tabatha, Cliff. A série foi aprovada mas os atores foram substituídos por Lisa Hartman, Robert Urich (Vega$), como o namorado Paul, e David Ankrun, como Adam.

Na série, Tabatha trabalha como produtora do talk show apresentado por seu namorado, que nada sabe sobre seus poderes. Tabatha era vigiada de perto por seu irmão Adam, que fazia o papel de James de controlar os poderes da irmã. Além de Adam, ela também tinha que lidar com o melhor amigo dele, Roger (Barry Van Dyke) que, apaixonado por ela, tentava convencê-la a largar Paul. Entre os parentes que apareciam na série estava a Tia Minerva (Karen Morrow), que fazia o papel de Endora, tentando convencer a sobrinha a deixar o mundo mortal e viver entre as feiticeiras. Dentre os personagens do elenco de A Feiticeira, a série contava com as participações de Gladys, Abner e o Dr. Bombay, novamente interpretados pelos mesmos atores.

Tabatha não fez sucesso e foi cancelada com apenas uma temporada de doze episódios produzida. Mas esta não foi a única tentativa de resgatar a magia de A Feiticeira. Os filhos dos Stephens também estrelaram uma série animada entre 1973 e 1974, com o título de Tabitha and Adam and the Clown Family, onde as crianças viviam às voltas com um circo.

Em 2005 foi produzido o filme Bewitched/A Feiticeira, estrelado por Nicole Kidman e Will Farrell. Esta produção não é uma versão cinematográfica, mas uma homenagem. Na história, um canal de TV está interessado em produzir um remake da série dos anos de 1960 e, sem saber, acaba contratando uma bruxa de verdade para interpretar Samantha.

A série também gerou versões internacionais. Entre elas, na Argentina (Hechizada), em 2007; no Japão (Okusama wa majo), em 2004; na Índia (Meri Biwi Wonderful), em 2002; e na Rússia (Моя любимая ведьма). Em 2001, a rede CBS chegou a anunciar que um projeto estava em desenvolvimento para dar à série uma nova versão. Mas, até o momento não se tem noticias sobre este projeto.

CURIOSIDADES
  • O pequeno desenho animado que abre o seriado foi criado pelos estúdios Hanna Barbera.
  • Tabatha, a filha de Samantha, foi vivida pelas gêmeas Erin e Diane Murphy. E, ao contrário da lenda que se propagou pela Internet, nenhuma das duas se tornou estrela de filmes adultos. Outras duas atrizes bebê, que hoje são famosas e ganhadoras do Oscar, concorreram ao papel de Tabatha: Helen Hunt e Jodie Foster.
  • Já a estrela da série, Elizabeth Montgomery, a Samantha, vivia também o papel de sua prima maluquinha, Serena, usando uma peruca morena. Mas nos créditos do seriado a personagem Serena era creditada a Pandora Spocks. Muitos fãs do seriado, por incrível que pareça, não percebiam a brincadeira e mandavam cartas para Pandora.
  • Paul Lynde, o tio Arthur, também apareceu no show antes de se tornar um personagem regular. Ele fez, na segunda temporada, um instrutor que tenta, sem sucesso, ensinar Samantha a dirigir.
  • Há várias referências cruzadas entre A Feiticeira e Jeannie é um Gênio. A cozinha de Larry e Louise Tate é a mesma de Tony e Jeannie. Da janela da casa de Tony se vê, em vários episódios, a casa de Samantha e James do outro lado da rua.
  • Duas atrizes coadjuvantes faleceram durante o show. Marion Lorne, que vivia a tia Clara, morreu em 1968, durante a quarta temporada e foi premiada com um Emmy póstumo. Alice Pearce, que fez a primeira senhora Kravitz, morreu em 1966, também ganhou um Emmy póstumo e foi substituída por Sandra Gould.
  • A célebre música-tema do seriado era para ser cantada, idéia que nunca foi colocada em prática no show. Mas essa versão foi cantada por diversos artistas, como Peggy Lee. Eis a letra: “Bewitched, bewitched, you’ve got me in your spell… Bewitched, bewitched, you know your craft so well… Before I knew what you were doing, I looked in your eyes… That brand of woo that you’ve been brewin’ Took me by surprise… You witch, you witch! One thing that’s for sure, that stuff you pitch, just hasn’t got a cure… My heart was under lock and key, but somehow it got unhitched… I never thought my heart could be had… But now I’m caught and I’m kind of glad To be bewitched… Bewitched!” Veja abaixo a versão cantada do tema de ‘A Feiticeira’(Peggy Lee - Bewitched Theme - album "Pass Me By.")



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2 comentários:

  1. Soube que A Feiticeira vai ganhar uma série animada ?
    http://anmtv.xpg.com.br/a-feiticeira-vai-ganhar-serie-animada/

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  2. INTERESSANTE. Pode ser que, dependendo da produção e do traço que até faça sucesso.

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