Adele Fátima - a quase Bond girl brasileira
Ao ver o último trailer do novo filme de James Bond, No Time to Die, me veio à mente a prosaica história de Adele Fátima, nossa quase Bond girl, que infelizmente morreu na praia. Porém, não totalmente esquecida, ao menos não por este que vos escreve.
Os anos 70 foram a época do milagre
econômico e da seleção brasileira ganhando a Copa do Mundo. Também foram o
período do regime militar e da crise do petróleo, que acabou com a bonança do
povo brasileiro. Apesar disso, nos últimos estertores dessa década, tivemos a
presença de um James Bond no Brasil, nada mais que sir Roger Moore, que visitou o Rio de Janeiro como locação de 007 contra o Foguete da Morte (Moonraker). Os leitores mais novos
talvez nunca tenham visto esse filme, mas os mais velhinhos (como eu) devem
tê-lo assistido várias vezes.
Contextualizado, Moonraker é o terceiro romance de James Bond escrito por Ian
Fleming e o décimo primeiro filme da franquia. O filme não é muito fiel ao
livro, mas o plot principal, do vilão
Hugo Drax ameaçando o Reino Unido (no livro) e o mundo (no filme) permanece.
No livro, o enredo é em torno de Bond
sendo designado para investigar o empresário e milionário sir Hugo Drax, que está encarregado da construção do foguete
Moonraker, que auxiliaria o Reino Unido na Guerra Fria. Logo Bond descobre que
Drax é na verdade um agente da Smersh, a organização mata-espião da KGB. O
agente secreto é ajudado por Gala Brand, outra agente, infiltrada como
assistente pessoal de Drax. Juntos, descobrem o plano do vilão de destruir
Londres com uma ogiva nuclear no Moonraker. Depois de impedir o plano de Drax,
Bond ainda abate o vilão jogando o foguete bem em cima das coordenadas onde ele
estava fugindo, em seu submarino.
A trama ficou bem diferente no filme.
Neste, Bond é designado por M para investigar o desaparecimento de um ônibus
espacial da empresa de Hugo Drax, interpretado por Michael Lonsdale, mas isso
é apenas a ponta do iceberg.
Auxiliado pela doutora Holly Goodhead, vivida por Lois Chiles, Bond
descobre um plano maluco de Drax que envolve eugenia. Ele pretende selecionar
doze casais que considera ter código genético aprimorado para reconstituir a
humanidade, e, para isso, pretende extinguir todo o resto da raça humana,
graças ao veneno de uma rara orquídea da Amazônia. Isso leva Bond ao Rio de
Janeiro, onde Drax montou sua base de operações e do onde o Moonraker partiria,
levando os casais e jogando o gás letal que extinguiria toda a vida humana.
O filme tem sequências antológicas, como Bond enfrentando o capanga de Drax, Jaws, que já havia aparecido no filme anterior O Espião Que Me Amava, no bondinho do Pão de Açúcar e desfilando no Carnaval do Rio. Ao final, Bond consegue dar fim ao plano de Drax com a ajuda do próprio Jaws, que havia se apaixonado por uma brasileira de trancinhas. Graças ao isso, o capanga volta-se contra seu mestre. Bond liquida Drax o jogando no espaço. Na cena final do filme, Bond envergonha M e a rainha ao ser flagrado fazendo amor com Holly bem na gravidade zero de um dos ônibus espaciais do Moonraker.
Entretanto, agora chegamos ao ponto
principal deste texto. Por uma infelicidade do destino, perdemos a oportunidade
de termos uma Bond girl brasileira,
interpretada por nada mais nada menos que Adele Fátima, a musa da
pornochanchada, protagonista de clássicos como Histórias Que Nossas Babás Não Contavam e outras obras-primas do
cinema bananense. Adele inclusive saiu em capas de revistas nacionais da época,
com o animado Roger Moore tocando em seus quadris.
Está certo que Adele teria um papel
secundário no filme, como a agente Manuela, uma Bond girl secundária, mas ainda uma Bond Girl. Mas o que aconteceu para que ela perdesse a chance de
sua vida? Segundo as más línguas, a motivação é bem mundana. Nossa musa foi
alvo do ciúmes da esposa de Moore, que não gostou da saliência de Adele e achou
que seu marido e a jovem estivessem fazendo um “tico tico no fubá”. Dessa forma,
ela lamentavelmente acabou dispensada e Manuela foi interpretada por Emily
Bolton.
Assim termina essa triste história. Por
muito pouco, o Brasil teve uma de suas artistas agraciadas com a maior glória
que uma atriz pode ter, que é ser uma Bond
girl, porque, como disse Jill St. John, a Tiffany Case de Os
Diamantes São Eternos, “toda atriz quer ser uma Bond girl, e quem disser que não, está mentindo”. Dizem que um raio nunca cai duas vezes em um
mesmo lugar; isso pode não ser verdade para o Flash, uma vez que tanto Barry
Allen quanto Wally West foram atingidos por um raio e por produtos químicos,
mas não sei se se verifica quanto à possibilidade de voltarmos a ter uma Bond girl bananense. Acredito que nossa
melhor possibilidade seja Morena Baccarin, que é mais cria gringa do que aqui,
visto que foi criada nos EUA.
De lambuja, ainda irei deixar uns vídeos do documentário Bond Girls Are Forever. Estão legendados
em italiano, mas a cavalo dado não se olham os dentes. Assistam antes que os
proprietários do documentário o tirem do YouTube.
https://www.youtube.com/watch?v=H2gzrOZs3LA&feature=emb_title
https://www.youtube.com/watch?v=mF5NGDIY5eo&feature=emb_title
https://www.youtube.com/watch?v=h490DMYhxYg&feature=emb_title
https://www.youtube.com/watch?v=O0dlQ7v_Huo&feature=emb_title
https://www.youtube.com/watch?v=ocgmNwCOycE&feature=emb_title
Nenhum comentário