MEMÓRIA EM QUADRINHOS - ESTREIA E RETORNO, QUASE 30 ANOS DEPOIS DO "PISTOLEIRO"

 Já fizemos duas postagens anteriormente em que analisamos o 'sumiço' de personagens dos quadrinhos. Coincidentemente eram das histórias do Batman: o Coringa ficou 'fora' por 10 anos (!!) e o Charada por quase duas décadas (!!!). Nesta matéria relembramos a estreia do PISTOLEIRO e seu retorno...27 ANOS DEPOIS!!!! Fala a verdade: é curioso! E você pode saber de tudo lendo a matéria. E então, vamos lá??? 






Na "era das trevas" dos quadrinhos, quando o "Código dos Quadrinhos" entrou em vigor devido a uma campanha iniciada pela publicação do livro "Sedução dos Inocentes", muitos personagens desapareceram e a violência dos chamados heróis foi radicalmente diminuída. Assim personagens como o Coringa e o Charada foram 'varridos para baixo do tapete', por ser difícil atenuá-los. 


Não foi o caso do PISTOLEIRO, na verdade ele 'desapareceu' por causa de seu...criador! O personagem foi criado em 1950 por David Levine, depois conhecido como David Vern Reed. Curiosamente algumas de suas primeiras histórias não lhe foram creditadas (coisa comum na época) e na sua fase final escrevendo para Batman, usou um pseudônimo. O resultado foi ele passar relativamente desconhecido pelos fãs dos quadrinhos...


Os primeiros criadores de histórias para quadrinhos eram escritores de romances 'pulp fiction', Levine ou Reed escrevia pulps do gênero ficção cientifica e era conhecido (nos EUA). Mort Weisinger e Julius Schwartz, dois dos mais famosos editores da DC Comics (começaram quando ainda se chamava National Comics), já haviam trabalhado com escritores de ficção cientifica no inicio de suas carreiras e Levine era amigo de Schwartz...


Há quem diga que foi Schwartz quem colocou Levine nos quadrinhos e há outros que dizem que Weisinger o contratou, quando era responsável pelas publicações de Batman e Superman. Isto realmente não importa, o que importa é que Reed/Levine e Bill Finger eram os principais escritores de Batman no inicio dos anos 50...


Tanto Finger quanto Reed (vamos chamá-lo só assim para evitar confusão...) se utilizavam dos vilões já estabelecidos de Batman, mas também criaram alguns novos vilões geralmente para apenas uma aparição...Assim, a revista "Batman # 59" publicada em junho/julho de 1950, introduziu um vilão que a principio seria usado apenas nesta história...




O vilão em questão era Floyd Lawton, um cara rico e entediado, que era também um exímio atirador. E por ser muito bom nisto decidiu...ser um criminoso! Porém, antes bolou um plano para retirar da equação Batman e Robin...Seu estratagema consistia em se fazer passar por um herói, autodenominado Pistoleiro e roubar o trono de maior combatente do crime do morcego...e seu parceiro. A coisa funcionou (Batman estava ausente), a ponto do comissário cometer a maior das traições: mudar o símbolo do bat-sinal (que teria de trocar de nome, certo?). Sai o morcego e entra um alvo!!!!


Notem que o visual do Pistoleiro, era TOTALMENTE diferente do atual!


Para derrotar o falso herói, Batman usou de sua astúcia. O Pistoleiro tinha absoluta confiança em sua mira e...em suas armas. Batman precisava quebrar esta confiança. Assim, secretamente, mexeu na mira das armas e desafiou Lawton a matá-lo. Ao não conseguir acertar, o Pistoleiro tem um surto e Batman pode derrotá-lo facilmente...




Depois desta história, o Pistoleiro ficou um longo tempo sem ser visto, por quase três décadas!!! Provavelmente poucos leitores lembravam dele, se é que algum lembrava. Eventualmente , Reed voltou para a ficção cientifica, escrevendo novelas (livros) e contos para diversas revistas do gênero. Mas, em 1975 seu amigo Schwartz (agora editor da linha Batman), o convidou para se tornar o escritor regulas das aventuras do morcego, em uma de suas revistas regulares. 


Na época, Denny O'Neil, trabalhava principalmente nas histórias em Detective Comics. Em 1977, Steve Englehart produziu um roteiro para um ano da revista (que era bimestral então). Isto não era algo comum, geralmente havia uma interação entre escritor e desenhista durante o arco em produção. Mas, Englehart pretendia tirar 'férias' dos quadrinhos e viajar pela Europa com a esposa, por um ano. 


E ai a coisa complica. David Vern Reed escreveu um arco de histórias para a mesma época, girando em torno do tema: "Onde você estava na noite em que Batman foi morto?". Cada edição apresentava um vilão diferente explicando como ele deveria ser creditado pela morte do encapuzado. E claro, havia uma edição dedicada ao Coringa...


O problema é que o roteiro de Englehart (aquele que cobriria um ano), também tinha uma edição especial com o Coringa. E por uma destas 'coincidências macabras', as histórias seriam lançadas no MESMO mês. Schwartz não queria duas linhas de revistas do Batman, apresentado como antagonista o Coringa ao mesmo tempo. 


Assim Schwartz pediu a Englehart que escrevesse um roteiro extra (no meio de seu arco), de maneira que o Coringa aparecesse no mês seguinte. E mais: sugeriu que o vilão fosse...o PISTOLEIRO!! (Por que? Ninguém sabe!) Assim, 27 anos depois, o personagem voltou repaginado. Seu retorno foi em "Detective Comics # 474" (dezembro de 1977. No Brasil, "Batman # 13" da EBAL, lançada em abril de 1978). A história: "A Revanche do Pistoleiro"...(no Brasil, o personagem foi chamado inicialmente: Tiro-Certeiro)






O novo e fantástico design do Pistoleiro criado por Marshall Rogers, obrigou a John Ostrander a usar o personagem em "Esquadrão Suicida"...


Antes e depois...


Olhe só a ironia: a história de Reed com o Coringa, obrigou a produção da história de 'preenchimento' (história feita para tapar um 'buraco' de edição), que trouxe de volta um personagem esquecido e criado pelo próprio Reed!!! 



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