REVIEW | Coleção Histórica Paladinos Marvel (vol. 5) - Demolidor versus Doutor Destino



Esta edição da Coleção Histórica Paladinos Marvel tem mais uma vez o Demolidor como protagonista. Evidentemente, são histórias clássicas e um tanto datadas para o leitor moderno, permeadas pela verborragia de Stan Lee. Os desenhos são do genial Gene Colan, provavelmente o melhor desenhista do Demolidor, junto de David Mazzucchelli e Alex Maleev. Nas histórias desse encadernado, dá para notar a influência de desenhistas europeus no estilo de Colan, particularmente de Guido Crepax.

Não vou mentir: o roteiro de algumas histórias desse encadernado está meio abaixo da crítica. Dizem que, quando Stan Lee criava algum vilão, deixava os melhores para o Homem-Aranha e os piores para o Demolidor. E acho que ele também usava o Homem sem Medo como protagonista de seus piores roteiros. No primeiro arco de histórias, Matt Murdock fica sabendo que dois tradicionais vilões do Thor, Cobra e Mr. Hyde, estão à solta pela cidade, praticando crimes. Então, nosso herói tem a brilhante ideia de disfarçar-se de Thor e sair pela cidade como um chamariz para os vilões, fingindo que pode voar usando a corda de seu bastão no falso Mjolnir.

E não só isso: nessa época, Matt inventou que tinha um irmão gêmeo, Mike Murdock, e que ele era na verdade o Demolidor. O herói faz isso para proteger sua identidade secreta de Foggy Nelson e Karen Page, mas essa foi uma ideia meio ridícula e galhofa, até mesmo para a época. Obviamente, o verdadeiro Thor não gosta da ideia de ter um imitador por aí, e resolve tirar satisfações com o Homem sem Medo. Depois de ter esclarecido tudo e de uma tradicional briguinha de heróis Marvel, o Deus do Trovão dá o aval para o Demolidor capturar seus inimigos.

Providencialmente, Cobra e Mr. Hyde atacam o herói, e, depois de uma tenaz luta, Mr. Hyde joga um composto químico no rosto do Demolidor, com o objetivo de cegá-lo, mas, como ele já é cego, o composto na realidade tira os poderes do herói, que fica mesmo cego. Que lógica de roteiro que o Stan Lee tinha. Ainda bem que ele não só era o roteirista, mas também o editor das histórias. Pior que Matt também inventa que Mike, seu irmão gêmeo, também ficou cego, o que gera uma das cenas mais cômicas da revista, com Karen chorando pelo fato de Mike ter ficado cego justo no dia em que ela resolveu cortar o cabelo. O Demolidor então deve traçar uma estratégia para conseguir o antídoto do composto de Mr. Hyde. Vale dizer que Cobra e Mr. Hyde parecem dois patetas nessa história, sempre brigando entre si pela primazia de matar o Demolidor.

No arco seguinte, que é o melhor, o vilão bucha do Quarteto Fantástico, Ardiloso, invade o escritório de Matt e Foggy, para pedir orientação de como se safar de uma acusação de homicídio, e quem ele pretende assassinar é justamente o Demolidor, para fazer nome. Obviamente, tudo não passa de um plano do Ardiloso para provocar o Demolidor, que vai atrás do vilão. Porém, o confronto com o Ardiloso é apenas um prólogo para um vilão realmente terrível, o maior da Marvel, o Dr. Destino. Ainda assim, essa história do Demolidor contra o Dr. Destino não deixa de ser galhofa, pois o plano do vilão é trocar de corpo com o Demolidor e atacar o Edifício Baxter. Esse plano é na verdade uma repetição da estratégia do Ardiloso, pois ele também tentou invadir o QG do Quarteto Fantástico disfarçado como o herói.

A história desemboca naquelas tradicionais lutas de heróis da Marvel, em que o Quarteto Fantástico ataca o Demolidor pensando que ele é na realidade o Dr. Destino, e o Homem-Aranha e o Thor também entram na luta. Essa última história do encadernado é inclusive um crossover com a revista do Quarteto Fantástico e é desenhada pelo Jack Kirby. Como os roteiros desse encadernado são bem galhofas, acho que o ponto alto é mesmo a arte de alta qualidade do Gene Colan. Ainda assim, é uma HQ obrigatória para os fãs do Demolidor, sem dúvida alguma. Esta edição contém Deredevil nos 30 a 32 e 35 a 38 e Fantastic Four no 73, publicadas entre 1967 e 1968. Nota 7,5 de 10.




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