MEMÓRIA EM QUADRINHOS | Punho de Ferro: A Busca por Colleen Wing - Review
Este é o encadernado publicado pela editora Salvat que reúne as primeiras histórias da fase do Punho de Ferro de Chris Claremont e John Byrne, que foram publicadas em Marvel Premiere no 25 e Iron Fist nos 1 a 7, entre 1975 e 1976. Os mesmos criadores da fase dos X-Men que revolucionou os quadrinhos de super-herói. O interessante é que, apesar de o Punho de Ferro já ter sido introduzido na revista Marvel Premiere, suas equipes criativas eram muito inconstantes, e o herói passou pelas mãos dos roteiristas Roy Thomas, Len Wein, Doug Moench e Tony Isabella.
O personagem só foi ter estabilidade com os roteiros de Claremont, e quando Byrne assumiu a arte das histórias é que a qualidade aumentou mesmo. Nesse encadernado, estão compiladas as primeiras edições da revista solo do Punho de Ferro. Logo, o personagem foi "promovido" e acabou ganhando um título próprio. Pena que a revista só durou quinze números, pois pegou o resto do "gás" da onda de kung fu. Dá para ver que Claremont e Byrne tinham algumas ideias que infelizmente não puderam ser muito desenvolvidas, com o abrupto cancelamento. A saga do Punho de Ferro teve um final apressado em Marvel Team-Up nos 63 e 64, com a participação do Homem-Aranha. Depois disso, juntaram o Punho de Ferro com o Luke Cage na mesma revista, já que o título do Herói de Aluguel também estava vendendo muito pouco, e o resto é história.
Neste encadernado, Colleen Wing, a melhor amiga de Danny Rand, foi sequestrada pelo maligno feiticeiro Mestre Khan, como vingança pelo herói ter impedido o assassinato da princesa Azir. O vilão galhofa Angar, o Gritador destrói a mente do professor Lee Wing, pai de Colleen. Sentindo-se culpado, o Punho de Ferro confronta o vilão; o rastro de Colleen leva o herói até as Empresas Stark, onde encontra a melhor amiga e parceira de Colleen, Misty Knight, e tem um providencial confronto com o Homem de Ferro, graças à máxima de que, quando dois heróis Marvel se encontram pela primeira, eles têm de brigar. Vale dizer que essas são histórias em que o Punho de Ferro tem sua maturidade como super-herói. É meio que o personagem se dando conta de seu heroísmo, pois, nas histórias anteriores, ele não era exatamente um herói. Basta lembrar que Danny saiu de Kun Lun motivado por vingança, para matar Harold Meachum, o assassino de seus pais. Ele não o mata, mas é responsabilizado por isso e é alvo do ódio da filha de Meachim, Joy, ao mesmo tempo em que tem de provar sua inocência. Depois, ele faz amizade com o professor Lee Wing e sua filha, Colleen, e enfrenta o culto de Kara-Kai, em uma trama rocambolesca envolvendo um livro sagrado e um ninja.
Em todas essas histórias, Danny não é exatamente um herói, mas apenas reage às situações. Mas nas histórias desse encadernado é que ele realmente começa a despertar como herói. Exemplo claro disso é quando Punho de Ferro tem de enfrentar o Devastador em Londres. O vilão providencialmente ataca o avião em que Danny e Misty estão, e fere e mata muitas pessoas, inclusive uma garotinha. É até uma cena meio forte para um gibi de herói da época, um infanticídio. Contrariando o desejo de Misty, que quer que ele continue a busca por Colleen Wing, Danny opta por enfrentar o Devastador e salvar inúmeras vidas em Londres. O Devastador revela ser o vilão Radion, e nesse confronto Punho de Ferro tem seu batismo de fogo como "super-herói". Ainda em Londres, quando Danny encontra o ex-membro do IRA Alan Cavenaugh, Alan pergunta para o Punho de Ferro se ele é um herói, ao que ele responde que "nunca tinha pensado nisso antes, mas que acha que sim".
.Os roteiros de Claremont têm uma estrutura mais datada, até mesmo verborrágica. A verdade é que os quadrinhos daquela época continham bem mais texto do que os da atualidade. Isso não me incomoda, pois quando eu lia HQ era assim. Mas, para um moleque de hoje em dia que não gosta muito de ler, pode ser meio complicado. Há inclusive muitas caixas de texto com narrativa em off, e às vezes o narrador até fala com o Punho de Ferro em segunda pessoa, o que pode confundir mais ainda. Quanto à arte de Byrne, ela evolui rápido. Tanto que, nas últimas histórias, ela já apresenta suas características de desenho, inconfundíveis. Esse é um encadernado que vale muito a pena, e, pelo conjunto, leva uma nota 8,5 de 10. Uma excelente história de super-herói e de artes marciais, com um protagonista em formação
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