REVIEW | Samurai Executor - uma crônica do cotidiano do Japão feudal



Dos mesmos criadores de Lobo Solitário, Kazuo Koike e Goseki Kojima, Samurai Executor é um mangá que precedeu o da saga de Itto Ogami, publicado de 1972 a 1976, com suas histórias compiladas em oito volumes. Conta a história de Asaemon Yamada, conhecido como Kubikuri Asa, que era o executor do xogunato. Ao contrário de Ogami, que executava os nobres, Asaemon é responsável por dar cabo do zé povinho mesmo. Então, tem de decapitar assassino, ladrão, prostituta etc.


No entanto, Asaemon não é tão indiferente e tem sentimentos pelas pessoas que deve executar. Se Lobo Solitário é uma história de vingança, Samurai Executor é uma história sobre humanidade. Na primeira história, Asaemon tem de decapitar o próprio pai, pois é assim que os executores eram "aposentados". Em outra história, ele tem de dar fim à primeira mulher com quem fez sexo, e assim procede, apesar de seus sentimentos conflitantes. Ele também era o encarregado de testar as armas do xogum e as usava em cadáveres, com cortes cirúrgicos.



Apesar de, ao contrário de Lobo SolitárioSamurai Executor não ter uma saga principal, o mangá propõe-se a ser uma crônica do cotidiano do Japão feudal. A maioria das histórias é a respeito das execuções pelas quais Asaemon é responsável. Algumas das pessoas em que ele dá fim realmente são criminosos cruéis, porém outras chegaram ao fio de sua espada por uma infelicidade, por crimes passionais ou algo do tipo, e não somente o leitor, mas também Asaemon demonstra empatia por elas.

Há algumas histórias que merecem destaque, como a do assassino que tinha um selo divino tatuado no pescoço, e Asaemon corta um naco de sua pele com a tatuagem e, logo em seguida, sua cabeça. Há também a história em que Asaemon tem de executar um líder da Yakuza, e depois é “obrigado” a tomar como esposa a herdeira da quadrilha. Porém, ele se casa com ela e depois se divorcia, porque não queria ter herdeiros que também tivessem de seguir o ofício de executor, pois esse era um título familiar. A despeito disso, ele promete nunca mais se casar.

Além das histórias sobre as execuções, vez por outra há umas em que Asaemon ajuda a guarda imperial a apanhar um bandido. Merece destaque a história em que ele tem de tirar um samurai de um bordel, que estava obrigando as moças as lamber suas axilas, seus testículos, as solas de seus pés e seu ânus. Há também um arco de histórias do protegido de Asaemon, que toma uma assassina como esposa, e obviamente esse é um casamento que não dará muito certo.

Asaemon também tem uma participação em Lobo Solitário, em um histórico duelo com Itto Ogami. Esse é o encerramento da saga do executor. Vale dizer que Asaemon realmente existiu, e houve interpretações dele em outras obras, como em Blade - A Lâmina do Imortal, em que é retratado como um samurai baixinho.

Para quem se interessar, Samurai Executor foi publicado pela Panini tempos atrás, nos anos 2000, e vale a pena adquirir esses volumes, se não estiverem sendo vendidos por um preço exorbitante. Garimpando, dá para encontrá-los por um preço justo. Eu mesmo tenho uns cinco volumes, apesar de não ter conseguido completar a coleção. Ou então ir para o velho e bom scan.

 

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