Papo de Cinema: Cinco filmes de Richard Donner para assistir

 


A semana começou triste com a notícia da morte de um dos maiores diretores da história de Hollywood, sem sombra de dúvida. Faleceu no dia 5 de julho Richard Donner, aos 91 anos. Podemos dizer que Donner era “um diretor raiz”, da cepa dos diretores do “cinemão dos anos 70”, talvez a última grande década do cinema.

Donner não era um diretor necessariamente autoral, como Scorsese, e talvez nem tivesse o mesmo reconhecimento de Polanski, Coppola ou Kubrick. Como diretor, ele esteve sempre no centro da engrenagem de Hollywood, no delicado equilíbrio entre arte e entretenimento, que em suma é o cinema norte-americano. Ou ao menos o cinema popular. E Donner era um diretor que soube “atingir as massas”, digamos assim. Enfim, sem mais delongas, listarei cinco filmes dirigidos por Richard que creio que devem ser assistidos por todos, ou ao menos pela maioria.



  A Profecia (1976) – Esse é o filme que fez o nome de Donner, pode-se dizer. Como é um filme de terror, não tenho certeza que vá agradar a todo mundo, pois tem gente que não gosta muito do gênero, mas esse certamente é um exemplar de um dos melhores filmes de terror da década de 70. No enredo, o embaixador norte-americano no Reino Unido e sua esposa, que não podem ter filhos, são “agraciados” ao, por nenhuma coincidência do destino, e sim por maquinação satânica, adotarem uma criança supostamente órfã, cuja mãe faleceu em um hospital, por intermédio de um padre. Mal sabem eles que o menino na realidade é o filho do Capeta, o anti-Cristo, que causará a ruína do mundo. Nos anos 70, filmes sobre satanismo estavam em alta, vide O Bebê de Rosemery, e A Profecia é mais um nesse bojo. Destaque para Gregory Peck no elenco, que interpreta Robert Thorn, o pai adotivo do nada inocente Damian. A Profecia teve sequências e inclusive um remake, todos filmes bem esquecíveis que não fazem frente ao original.



    Superman - O Filme (1978) – O sucesso de A Profecia deu cacife para Donner dirigir o filme do Homem de Aço, que talvez tenha sido a maior realização da sua carreira, mas também foi sua maior dor de cabeça, graças aos atritos com os produtores, Alexander e Ilya Salkind, que haviam comprado os direitos do Superman para o cinema, em uma época em que nem a Warner Bros, que já era proprietária da DC, acreditava que um longa de super-herói poderia ser bem-sucedido. Coube a Donner buscar realizar um filme de super-herói com base em uma relativa verossimilhança, ou até onde isso fosse possível, visto que era sobre um homem que poderia voar. E a fase de efeito do filme era essa mesma: “você vai acreditar que um homem pode voar”. O longa revelou Christopher Reeve como ator, que se tornou um ícone da época. Também deu destaque a outra jovem atriz, Margot Kidder, como Lois Lane. Além de contar com atores celebrados já à época, a exemplo de Gene Hackman como Luthor. Marlon Brandon recebeu 14 milhões de dólares para interpretar Jor-El, em apenas dez minutos de cena, o que foi um escândalo. Superman teve três sequências, mas o spin-off da Supergirl e a série de TV do Superboy, todos produzidos pelos Salkind, o que configurou a Era Salkind do Superman. Donner, por sua vez, foi demitido pelos Salkind após o lançamento do filme, em razão do relacionamento conturbado entre eles.


    O Feitiço de Áquila (1985) – Clássico da Sessão da Tarde da Globo, esse filme dispensa apresentações. Trata-se de uma fantasia medieval new age. Tanto que a trilha sonora é tecno, com sintetizadores. No enredo, o jovem ladrão Gaston, interpretado por Matthew Broderick, acaba se envolvendo durante uma fuga na prisão com o cavaleiro renegado Navarre, vivido por Rutger Hauer, sempre acompanhado de seu falcão. Não demora muito para Gaston descobrir que o Falcão de Navarre na verdade é uma bela mulher, Isabeau, interpretada por Michelle Pfeiffer, uma das eternas sex symbol dos anos 80. Navarre e Isabeau são amantes, mas foram amaldiçoados pelo Bispo da cidade. Então, de dia Isabeau transforma-se em um falcão e à noite Navarre torna-se um lobo, o que impede que o amor de ambos se concretize. Destaque também para Alfred Molina, que interpreta o capitão da guarda do Bispo.


     Os Goonies (1985) – Outro grande clássico da Sessão da Tarde, é uma excursão de Donner ao gênero infantojuvenil. No enredo, um grupo de garotos descobre um mapa que indicaria a localização de um tesouro do pirata Willie Caolho. No entanto, essa aventura colocará as crianças em rota com uma família de bandidos, liderados por Mama Fratelli. O elenco contra com celebrados atores juvenis da época, como Sean Austin e Corey Feldman, além de um Josh Brolin em início de carreira. A cereja do bolo é a trilha sonora de Cindi Lauper.

     Máquina Mortífera (1987) – Filme que iniciou uma franquia e meio que iniciou o gênero “policial aventura”. No enredo, o veterano detetive da polícia de Los Angeles Roger Murtaugh (Denny Glover) é obrigado a trabalhar com o instável Martin Riggs (Mel Gibson). O problema é que Riggs tem tendências suicidas e só está esperando uma oportunidade de ser morto em ação, não sem antes levar vários bandidos vagabundos com ele. Riggs é um cara traumatizado pela guerra do Vietnã e pela morte da esposa, enquanto Murtaugh é um homem de meia idade pai de família que não quer saber de problemas. Gibson está em uma atuação no melhor estilo “Mad Mel”. Outra inovação para a época é que os protagonistas são uma dupla inter-racial, de um branco com um negro. Já havia uma dupla de policiais inter-raciais em Miami Vice, mas na série era óbvio que o personagem de Don Johnson, Sonny, que era branco, tinha mais destaque que seu parceiro Tubbs, que era negro. Em Máquina Mortífera, Murtaugh e Riggs realmente dividem o protagonismo.

   Enfim, essa é uma seleção de filmes talvez um tanto clichê, mas que são ápices da filmografia de Richard Donner. E também são filmes que tiveram grande relevância na Hollywood da época e ainda hoje. Lembrá-los é uma forma de homenagear esse extraordinário diretor que partiu.


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