Papo de Cinema: Cinco filmes de Richard Donner para assistir
1 A Profecia (1976) – Esse é o filme que fez o nome de Donner, pode-se dizer. Como é um filme de terror, não tenho certeza que vá agradar a todo mundo, pois tem gente que não gosta muito do gênero, mas esse certamente é um exemplar de um dos melhores filmes de terror da década de 70. No enredo, o embaixador norte-americano no Reino Unido e sua esposa, que não podem ter filhos, são “agraciados” ao, por nenhuma coincidência do destino, e sim por maquinação satânica, adotarem uma criança supostamente órfã, cuja mãe faleceu em um hospital, por intermédio de um padre. Mal sabem eles que o menino na realidade é o filho do Capeta, o anti-Cristo, que causará a ruína do mundo. Nos anos 70, filmes sobre satanismo estavam em alta, vide O Bebê de Rosemery, e A Profecia é mais um nesse bojo. Destaque para Gregory Peck no elenco, que interpreta Robert Thorn, o pai adotivo do nada inocente Damian. A Profecia teve sequências e inclusive um remake, todos filmes bem esquecíveis que não fazem frente ao original.
Superman - O Filme (1978) – O sucesso de A Profecia deu cacife para Donner dirigir o filme do Homem de Aço, que talvez tenha sido a maior realização da sua carreira, mas também foi sua maior dor de cabeça, graças aos atritos com os produtores, Alexander e Ilya Salkind, que haviam comprado os direitos do Superman para o cinema, em uma época em que nem a Warner Bros, que já era proprietária da DC, acreditava que um longa de super-herói poderia ser bem-sucedido. Coube a Donner buscar realizar um filme de super-herói com base em uma relativa verossimilhança, ou até onde isso fosse possível, visto que era sobre um homem que poderia voar. E a fase de efeito do filme era essa mesma: “você vai acreditar que um homem pode voar”. O longa revelou Christopher Reeve como ator, que se tornou um ícone da época. Também deu destaque a outra jovem atriz, Margot Kidder, como Lois Lane. Além de contar com atores celebrados já à época, a exemplo de Gene Hackman como Luthor. Marlon Brandon recebeu 14 milhões de dólares para interpretar Jor-El, em apenas dez minutos de cena, o que foi um escândalo. Superman teve três sequências, mas o spin-off da Supergirl e a série de TV do Superboy, todos produzidos pelos Salkind, o que configurou a Era Salkind do Superman. Donner, por sua vez, foi demitido pelos Salkind após o lançamento do filme, em razão do relacionamento conturbado entre eles.
O Feitiço de Áquila (1985) – Clássico da Sessão da Tarde da Globo, esse filme dispensa apresentações. Trata-se de uma fantasia medieval new age. Tanto que a trilha sonora é tecno, com sintetizadores. No enredo, o jovem ladrão Gaston, interpretado por Matthew Broderick, acaba se envolvendo durante uma fuga na prisão com o cavaleiro renegado Navarre, vivido por Rutger Hauer, sempre acompanhado de seu falcão. Não demora muito para Gaston descobrir que o Falcão de Navarre na verdade é uma bela mulher, Isabeau, interpretada por Michelle Pfeiffer, uma das eternas sex symbol dos anos 80. Navarre e Isabeau são amantes, mas foram amaldiçoados pelo Bispo da cidade. Então, de dia Isabeau transforma-se em um falcão e à noite Navarre torna-se um lobo, o que impede que o amor de ambos se concretize. Destaque também para Alfred Molina, que interpreta o capitão da guarda do Bispo.
Os Goonies (1985) – Outro grande clássico da Sessão da Tarde, é uma excursão de Donner ao gênero infantojuvenil. No enredo, um grupo de garotos descobre um mapa que indicaria a localização de um tesouro do pirata Willie Caolho. No entanto, essa aventura colocará as crianças em rota com uma família de bandidos, liderados por Mama Fratelli. O elenco contra com celebrados atores juvenis da época, como Sean Austin e Corey Feldman, além de um Josh Brolin em início de carreira. A cereja do bolo é a trilha sonora de Cindi Lauper.
Máquina Mortífera (1987) – Filme que iniciou uma franquia e meio que iniciou o gênero “policial aventura”. No enredo, o veterano detetive da polícia de Los Angeles Roger Murtaugh (Denny Glover) é obrigado a trabalhar com o instável Martin Riggs (Mel Gibson). O problema é que Riggs tem tendências suicidas e só está esperando uma oportunidade de ser morto em ação, não sem antes levar vários bandidos vagabundos com ele. Riggs é um cara traumatizado pela guerra do Vietnã e pela morte da esposa, enquanto Murtaugh é um homem de meia idade pai de família que não quer saber de problemas. Gibson está em uma atuação no melhor estilo “Mad Mel”. Outra inovação para a época é que os protagonistas são uma dupla inter-racial, de um branco com um negro. Já havia uma dupla de policiais inter-raciais em Miami Vice, mas na série era óbvio que o personagem de Don Johnson, Sonny, que era branco, tinha mais destaque que seu parceiro Tubbs, que era negro. Em Máquina Mortífera, Murtaugh e Riggs realmente dividem o protagonismo.
Enfim, essa é uma seleção de filmes talvez um tanto clichê, mas que são ápices da filmografia de Richard Donner. E também são filmes que tiveram grande relevância na Hollywood da época e ainda hoje. Lembrá-los é uma forma de homenagear esse extraordinário diretor que partiu.
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