Kamen Rider Black RX - A evolução comercial do "Black Sun"

 

Há algum tempo atrás, escrevi para o blog um post sobre Kamen Rider Black, como pode ser visto neste link.

Desta vez, abordarei sua sequência Kamen Rider Black RX, que considero uma boa série, mas bem mais inferior que sua antecessora. Kamen Rider Black RX foi ao ar em 1988, um ano após Kamen Rider Black, também produzida pela Toei.


No enredo, depois de ter derrotado a organização Gorgom, Kotaro Minami (ou Isamu Minami, como foi chamado no Brasil), ainda interpretado por Tetsuo Kurata, vai morar na casa dos tios, o casal Sahara, com seus dois filhos, Shigero e Hotomi. Finalmente, ele consegue um emprego na empresa do tio, de piloto de helicóptero. Não é mais um cara que não trabalhava e ficava andando de moto o tempo todo, como na série anterior. Kotaro também consegue uma namorada, a fotógrafa Reiko, interpretada por Jun Takanomaki, a mesma atriz que fazia a Diana, em Spielvan, e deixa de ser o cara que ficava só cobiçando a namorada e a irmã do Nobuhiko.


No entanto, como nem tudo na vida são flores, o tal Império Crisis aparece para acabar com a tranquilidade, liderados pelo General Jark. Entre os tenentes de Jark, merece destaque a bruxa Maribaron. O mundo dos demônos, Crisis, está ameaçado de extinção, e agora eles querem invadir a Terra (por Terra, entende-se Japão). É Crisis nas Infinitas Terras do tokusatsu. Logicamente, Kotaro é o único que pode impedi-los. Então, Jark tenta matá-lo, jogando-o no espaço, mas então a pedra Kingstone em seu cinto é irradiada pelo Sol, e Kotaro deixa de ser Kamen Rider Black para tornar-se Kamen Rider Black RX, o filho do Sol. O estranho é que o tal Império Crisis parece constituído por vilões alienígenas que saíram de uma série Super Sentai, e Kamen Rider nunca foi sobre isso.





Bem mais infantil do que a série anterior, Kamen Rider Black RX não tem vergonha nenhuma de abertamente ser assumida para vender brinquedos. Tanto que o herói consegue duas novas formas: RoboRider e BioRider. Trata-se do primeiro Kamen Rider a ter essas formas derivadas, que se tornaram tão comuns nas séries seguintes, a partir de Kamen Rider Kuuga. Sua moto, a Battle Hopper, transforma-se na Acrobatter, e ele é o primeiro Kamen Rider a ter um carro. Também é o primeiro a deixar de lutar só com golpes de caratê e riderkicks e tem uma espada, a Revolcane. Só por aí, percebe-se que Kamen Rider Black RX passou a ter influência de outra franquia de tokusatsu, a Metal Hero. Tendência que também se intensificaria nas séries subsequentes de Kamen Rider.




Em determinado ponto da série, Black RX consegue chegar ao mundo de Crisis e consegue um sidekick, Joe The Haze, outro ciborgue, transformado pelo Império Crises, que depois some e só volta à série mais à frente. Lá pelas tantas, o Império Crises resolve ressuscitar Shadow Moon, em uma clara tentativa de fazer a audiência da série aumentar. No geral, Kamen Rider Black RX não foge da fórmula de a cada episódio o herói ter de enfrentar o “monstro da semana”. Porém, mais ao fim da série, Black RX passa a eliminar cada um dos subordinados do General Jark. Entre os episódios que merecem destaque, está o em que o ator Kenji Ohba, que interpretou Gavan, o primeiro Metal Hero, aparece.

Nos episódios finais, surge um tal de Dasmader, que seria em tese o inspetor do Imperador Crisis. Entretanto, na realidade, é o próprio Imperador disfarçado. Reiko descobre a identidade de Kotaro e resolve ajudá-lo a combater o Império Crisis, treinando caratê, mas continua uma inútil. Outra personagem que aparece na série, é a garota Kyoko, que tem os pais mortos por um dos monstros do Império Crises e depois desenvolve poderes psíquicos. Ela é outra que some para depois ter uma participação só mais para a frente.

No arco final da série, Black RX recebe a ajuda de todos os outros Kamen Riders, das séries anteriores, como puro fanservice. No entanto, a participação dos outros Kamen Riders é importante para situar Kamen Rider Black RX na cronologia das demais séries. Na chamada Era Showa, era muito comum que, ao final de cada série Kamen Rider, o titular recebesse uma ajuda dos Kamen Riders anteriores.



Entretanto, Kotaro não consegue impedir que a tragédia aconteça, e o casal Sahara é assassinado por Jark, transformado em monstro pelo próprio Imperador Crises. Após dar um fim em Jark, Black RX tem um embate final com o próprio Imperador Crisis. Ao final da série, Kotaro diz que vai embora para continuar treinando, dá o fora na Reiko e deixa Shigero e Hitomi para serem criados por Kyoko (cadê o conselho tutelar nesses casos?). Datada e bem mais infantil que sua antecessora, Kamen Rider Black RX é uma série bem mais difícil de assistir que Kamen Rider Black hoje em dia, e só se salva pelo carisma de Tetsuo Kurata e Jun Takanomaki.




No entanto, se engana quem acha que a saga de Kamen Rider Black/Black RX teve um fim aí. Muitos anos depois, Tetsuo Kurata reprisou sem mais famoso personagem em Kamen Rider Decade, em uma realidade em que Kamen Rider Black e Kamen Rider Black RX se encontram, provenientes de universos diferentes. Sim, até Kamen Rider tem multiverso. Kurata também voltou ao papel de Kotaro Minami/Kamen Rider Black/Black RX no filme Super Hero Taisen GP: Kamen Rider 3.

Deve-se também fazer elogios à trilha sonora de Kamen Rider Black RX, que possui abertura e encerramento bem empolgantes na voz de Takayuki Miyauchi.


Apesar de ser o último Kamen Rider da Era Showa, Kamen Rider Black RX já apresentava algumas características das séries Kamen Riders da Era Heisei, como o fato de lutar com armas, apresentar formas derivadas etc. Seus inimigos do Império Crises, provenientes de uma dimensão de demônios, também diferem dos tradicionais vilões de Kamen Rider, que via de regra eram membros de uma organização secreta que criava monstros aprimorados, mas que se situava na Terra. Até o milenar Império Gorgom de Kamen Rider Black era assim.

Com a notícia de um vindouro reboot de Kamen Rider Black, verifica-se que este não é qualquer Kamen Rider, além do Black, o único Kamen Rider que teve reboot foi o Kamen Rider original, no filme Kamen Rider – The First. Aguardemos então a volta do Black, logo logo.



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