MEMÓRIA EM QUADRINHOS | Soldado Desconhecido: o Homem da Guerra (1997)

 

Esse encadernado republica a minissérie do Soldado Desconhecido escrita por Garth Ennis e publicada em 1997. O Soldado Desconhecido que, apesar de ser um personagem interessante, pertence ao rol dos personagens C da DC. Lembro-me que ele até fazia dupla com o Batman em algumas edições de The Brave and the Bold, apesar de ter suas histórias solo na Segunda Guerra Mundial. Mas se o Soldado Desconhecido nas histórias clássicas poderia ser categorizado como um anti-herói, na HQ de Ennis ele é praticamente um vilão, seguidor da filosofia "os fins justificam os meios". É por isso que não sei se essa história se passa na continuidade regular da DC ou se é solta, em uma realidade independente. Provavelmente não é da continuidade oficial pós-Crise nas Infinitas Terras.


Quando escreveu essa HQ, Ennis já era uma estrela ascendente na linha Vertigo da DC, tendo escrito Hellblazer e ainda roteirizando Preacher. E também sendo o autor de Hitman. Embora Soldado Desconhecido seja uma obra menor de Ennis, comparando-se com Hellblazer, Preacher e Justiceiro Max, é uma ótima HQ e bem melhor que outras coisas que ele escreveu depois, no piloto automático. Com o tempo, Ennis tornou-se um argumentista iconoclasta, que tentava redigir as histórias do modo mais ofensivo possível. Ennis destaca-se por odiar super-heróis, e, em um mercado de quadrinhos em que o super-herói é o mainstream, ele fez algumas histórias realmente bem ofensivas, principalmente em The Boys, ou zoando os heróis da DC em Hitman ou os da Marvel em Justiceiro.

Ennis também gosta muito de ofender quando o assunto é religião, e Preacher é sua obra mais famosa a respeito disso. Mas, apesar de Ennis não ter consideração nem por heróis nem pela religião, estranhamente ele respeita o militarismo. Basta ver que as HQs que Ennis escreveu sobre a Segunda Guerra e o Ás Inimigo, por exemplo, são respeitosas, em certa medida, ainda que ele frise o quanto a guerra pode ser suja. Até quando escreve o Justiceiro, o autor mostra mais respeito pelo personagem ser ex-combatente. Então, chegamos ao Soldado Desconhecido. E, é preciso que se diga, ele não é o personagem principal dessa HQ, e sim William Clyde, um agente da CIA e ex-militar idealista. Quando alguém misteriosamente começa a inserir nomes no computador de Clyde, ele fica curioso e começa a investigar, e aí que seus problemas começam, pois Clyde agora foi posto no rastro do Soldado Desconhecido.



Ao investigar a primeira testemunha dos feitos do Soldado Desconhecido, o sr. Markewicz, Clyde entra na mira da CIA, pois o soldado é o maior operativo de táticas sujas dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra. Quando o Soldado Desconhecido descobriu o horror nazista nos campos de concentração, ficou tão revoltado que adotou a mentalidade de que os Estados Unidos estão sempre certos, não importa a guerra em que lutem. Na maior parte da HQ, ele aparece em flashbacks, sempre como uma força na natureza para fazer a vontade da América. Clyde tem de descobrir a verdade sobre o Soldado Desconhecido, ao mesmo tempo em que a CIA põe uma assassina psicopata em sua cola chamada Zureta. Clyde sente-se ainda mais culpado porque sua colega de trabalho acaba assassinada por Zureta, e, de tão ferrado da cabeça, ele começa a conversar com a moça morta. O final da HQ não somente coloca Clyde em colisão com o Soldado Desconhecido, como também apresenta uma grande reviravolta.


É de se reconhecer que a DC/Vertigo dava muita carta branca para seus escritores antigamente, pois o tema dessa HQ aborda muito a política externa americana e é bem delicado. Tudo bem que o leitor de Soldado Desconhecido não necessariamente é o mesmo de Capitão América, apesar de também poder ser. O fato de Ennis ser irlandês/britânico até lhe dá um maior distanciamento para escrever sobre aspectos nebulosos e sujos do governo americano, mas não que ele seja um left wing ou algo assim. E, claro, ele também não toma partido entre democratas ou republicanos.


No geral, essa é uma ótima HQ, até mesmo porque tem os excelentes desenhos de Kilian Plunkett e as capas de Tim Bradstreet, que também ilustrou as capas das revistas do Justiceiro escritas por Ennis. E esse quadrinho também vale a leitura porque, afinal de contas, o Soldado Desconhecido é um personagem bem periférico da DC, e a gente nunca sabe quando ele voltará a aparecer. Mas não se engane, o Soldado Desconhecido está sempre à espreita. Nota 8 de 10.

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