Memória em Quadrinhos | AS VÁRIAS FACES DE LEX LUTHOR



Todo mundo sabe que Alexander “Lex” Luthor é o maior inimigo do Superman. No entanto, o que alguns não sabem é que o vilão passou por várias reformulações ao longo das décadas, sendo um personagem que teve diversas mudanças e que se tornou bem mais complexo que o cientista careca maluco que deseja destruir o Superman, que é a versão que está no inconsciente coletivo da grande maioria das pessoas. Vamos conferir algumas de suas outras versões a seguir.



Na verdade, em sua primeira aparição, em Action Comics no 23 de 1940, Luthor era um cientista com cabelos ruivos. Posteriormente, Joe Shuster esqueceu de desenhar seus cabelos, e o visual calvo foi o que se manteve. Foi feito um retcon depois em uma história do Superboy, em que o herói era amigo de adolescência de Luthor, e este o culpou pela perda de seus cabelos após Superboy usar seu supersopro para apagar um incêndio em seu laboratório.



Luthor nem sempre agia sozinho para derrotar o Homem de Aço. Eventualmente, ele se unia a Braniac e formava a dupla Luthor/Brainiac, que era bastante recorrente na Era de Prata.



No início, Luthor vestia como indumentária roupas normais ou ternos. Entretanto, nos anos 60, foi criado seu tradicional traje roxo e verde, que por muitos anos perdurou e ocasionalmente volta. No começo dos anos 80, Luthor ganhou sua famosa armadura verde, que teve design de George Perez.


Luthor não era um vilão para todos. Na Era de Prata, ele se tornou o herói e líder de Lexor, um planeta distante, tendo inclusive desposado uma nativa, Ardora, e tendo um filho. Porém, isso não o demoveu de seu grande ódio pelo Superman. Em um dos confrontos de Luthor com o herói, Lexor acabou sendo destruído e Luthor perdeu sua família; isso fez com que o ódio do vilão pelo Homem de Aço aumentasse exponencialmente.





Em meados dos anos 80, houve a reformulação do Superman por John Byrne, pós-Crise nas Infinitas Terras, e Luthor teve grandes mudanças. De cientista, passou a ser um bilionário. Segundo Byrne, ele não mais seria o homem mais inteligente do mundo, mas sim o mais rico. Seu visual mudou, tendo influência da versão de Gene Hackman no filme Superman. Esse também é um Luthor que gosta de carboidratos, mais gordo. E é um Luthor mais lascivo. Vivia correndo atrás de mulheres.




Luthor inclusive teve um caso com Alice, a mulher de Perry White, e era na verdade o pai biológico de Jerry White, e Perry era o traído na história. Entretanto, quando Jerry morre assassinado, Luthor chega a chorar. Apesar de mau, ele também é humano, e ama algumas poucas pessoas no mundo, como sua irmã, Lena, e sua filha, também denominada de Lena, que teve com uma de suas esposas, a condessa Erica Alexandra del Portenza.

Se pegarmos a capa da HQ A Biografia Não Autorizada de Lex Luthor, podemos notar a semelhança com a capa da autobiografia de Donald Trump. Isso já mostra com a galera não gostava do Trump desde os anos 80, muitos anos antes de ele entrar na política e eleger-se presidente dos EUA. No entanto, o Luthor daquela época teve sim influência da personalidade de Trump em sua concepção.

Após perder uma das mãos e contrair câncer em razão de um anel de kriptonita, que usava para se proteger do Superman, Luthor forjou sua própria morte e transferiu seu cérebro para um clone. Assim, surgia Lex Luthor II, o autoproclamado filho de Luthor, uma versão mais jovem, galã e cabeluda de Luthor. Nessa época, ele chegou inclusive a namorar a Supergirl Matriz, que veio da Dimensão Compacta. Posteriormente, o corpo de Luthor começou a deteriorar por ser um clone, e ele perdeu sua cabeleira, ficando calvo de novo. Essa é uma coisa que foram jogando para debaixo do tapete, mas a verdade é que o Luthor dessa época era um clone, mas as alusões a isso se tornaram cada vez menos frequentes até serem esquecidas.

No início dos anos 2000, Luthor consegue eleger-se presidente dos EUA. A despeito de nas HQs ele despontar como um candidato independente, naquela época George Bush filho era o presidente dos EUA. Apesar de à época as referências não serem tão descaradas como são hoje, é meio óbvio que queriam passar uma ideia de que “o mal estava na Casa Branca”, o que comprova o alinhamento político da maior parte dos escritores de quadrinhos. No entanto, a ideia em si é interessante e rendeu  boas histórias, até que Luthor fosse deposto da Presidência pelo Superman com o auxílio do Batman no primeiro arco da revista Batman/Superman.


Com o tempo, o conceito de Luthor cientista começou a voltar. Em Superman - O Legado das Estrelas, a origem do Superman escrita por Mark Waid, temos a volta do Luthor cientista, ao mesmo tempo que segue sendo o empresário bilionário. Também se constrói um lado benfeitor de Luthor, em que ele de certa forma se vê como um salvador de humanidade, que faria contraponto ao Superman e a outros heróis. Isso é bem mostrado na HQ Lex Luthor - O Homem de Aço, de Brian Azzarello e Lee Bermejo.

Cientista, criminoso, empresário, benfeitor, político, Luthor teve todas essas características ao longo das décadas. No entanto, há uma coisa que é comum a todas essas versões do vilão: um profundo e enorme ódio pelo Homem de Aço.


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