Não dá para negar que a animação do
Homem-Aranha dos anos 90 foi de suma importância para manter a popularidade do
personagem naquela época. Ao contrário de Batman e Superman, que já tinham tido
suas adaptações para o cinema, mídia bem mais abrangente que as HQs, o Aranha
só tinha tido animações e jogos de vídeo games até então, o primeiro filme do
Cabeça de Teia, dirigido por Sam Rami, só seria lançado em 2002. Portanto, essa
animação de 1994 foi o que garantiu a presença do Aranha na mídia e o
apresentou a toda uma nova geração.



Pessoalmente, apreciou bastante o desenho, mas
há alguns defeitos, principalmente quanto ao roteiro. Nessa animação, há
algumas coisas esquisitas, como o fato de o Duende Macabro surgir antes do
Duende Verde, o Electro ser filho do Caveira Vermelha na adaptação de Guerras
Secretas, o Homem-Hídrico criar uma Mary Jane falsa etc. Uma animação não
precisa seguir o quadrinho em tudo, mas dava para ser mais fiel em alguns
detalhes. Algumas mudanças não me incomodaram tanto, tipo Felícia Hardy ser
colega do Peter e a origem da Gata Negra ser diferente.





A Felícia na verdade ficou no lugar de Gwen
Stacy, pois não queriam usar a Gwen que estava morta há muitos anos para ser
rival da MJ. E Michael Morbius na animação é galã, colega de faculdade de Peter
e interesse amoroso de Felicia. Eddie Brock era um fotógrafo rival de Peter no
Clarim Diário, ao contrário dos quadrinhos, em que era um jornalista do Globo Diário
e não conhecia Peter até se tornar o Venom. Essa versão de Eddie Brock é que
influenciou a versão do Eddie do filme Homem-Aranha 3, interpretado por Topher
Grace.



O diferencial é que essa animação seguia mais a
estrutura dos quadrinhos, em que havia uma sequência narrativa, na qual os
acontecimentos de uma história tinham consequência para a seguinte, ao
contrário dos desenhos anteriores do Aranha, que tinham episódios autocontidos.
Teve a participação de personagens que nem ferrando apareceriam nos desenhos
atuais do Aranha da Disney, como o Justiceiro e o Blade. Justiceiro inclusive
com a caveira. Lógico que ele usa armas não letais no desenho, pois era para
crianças. Outros personagens também têm participação da animação, como o
Demolidor e os X-Men.
A
qualidade da animação infelizmente ficou datada, ao contrário da série animada
do Batman, que é tem uma animação considerada boa até hoje. Peter Parker era um
jovem adulto e universitário, ao contrário do Peter dos desenhos mais recentes,
que ainda está no colégio. Porém, nos quadrinhos originais, a fase de Peter no
colégio é curta; dura uns três ou quatro anos, até a fase de Steve Ditko.
Quando John Romita Sr. assume os desenhos, Peter já está na faculdade, e a fase
dele na faculdade durou muito mais tempo que no colégio.

Entretanto, como havia destacado anteriormente,
é inegável que essa animação apresentou o personagem para toda uma geração,
principalmente crianças, e o manteve popular. E, bem ou mal, o Aranha é sim o
personagem mais popular da Marvel e, sozinho, salvou a editora da falência pelo
menos uma duas vezes. E digo mais: se não fosse por esse desenho, os filmes do
Aranha de Sam Raimi não teriam sido feitos e a moda de super-herói nos cinemas a
partir dos anos 2000 provavelmente não teria acontecido. Todavia, se tivessem
modificado algumas das ideias de roteiro e narrativa, essa animação sem dúvida
teria sido bem melhor.
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