Conversa de Cinema: CAPITÃO SKY E O MUNDO DE AMANHÃ (Sky Captain and the World of Tomorrow, 2004)
Consta que tudo começou quando Kevin Conran (irmão do diretor) convidou um amigo de sua esposa e a única pessoa na indústria do cinema que ele conhecia, Marsha Oglesby , para dar uma olhada em um curta produzido por Kerry. A estratégia deu certo e Oglesby, profundamente impressionada com seu trabalho, imediatamente os encaminhou ao produtor Jon Avnet (Negócio Arriscado,1983; Tomates Verdes Fritos,1991), que concordou em financiar seu projeto, com Kerry dirigindo e escrevendo o roteiro. Agora armado com um estúdio, uma equipe de mais de 100 animadores e um elenco de atores de primeira linha ( Jude Law , Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie, entre outros, todos os quais assinaram imediatamente após ver um curta de 6 minutos). E foi assim que Kerry foi capaz de completar seu projeto, "Capitão Sky e o Mundo de Amanhã" (2004), o primeiro filme inteiramente rodado em tela azul. O filme, embora não seja um sucesso de bilheteria, foi um sucesso relativo entre os críticos, algo impressionante para um novato sem grande experiência em escrever ou dirigir. Contudo, após a conclusão deste projeto Conran não foi creditado a nenhuma outra produção hollywoodiana. Há indícios de que chegou a ser considerado para dirigir a adaptação de tela de John Carter em Marte (continuação prometida de John Carter entre dois mundos), depois que Robert Rodriguez desistiu, mas acabou substituído por John Favreau, que por sua vez foi substituído por Andrew Stanton. Kerry e Jude Law também expressaram interesse em transformar "Capitão Sky" em uma franquia, mas devido ao fracasso do filme nas bilheterias, não houve notícias de quaisquer sequências ou prequels.
- Os primeiros robôs mecânicos que atacam Nova York em Capitão Sky e o Mundo de Amanhã são praticamente idênticos aos monstros que o Superman da animação da Fleischer Studios enfrenta no episódio: "Mechanical Monsters" (1941).
- Originalmente, o título deste longa era só O Mundo de Amanhã (The World of Tomorrow), mas Kerry Conran optou por alterar o título para não confundir os espectadores com O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomorrow), de Roland Emmerich, aquele da onda gigante em Nova York e da era do gelo (estou relembrando trechos porque eu mesmo sou um que já esqueceu aquele filmeco).
- Kerry Conran usou um computador Macintosh caseiro para desenvolver seis minutos de Capitão Sky e o Mundo de Amanhã. Este processo durou 4 anos. Quando Conran apresentou estes seis minutos ao produtor Jon Avnet, conseguiu financiamento na mesma hora para concluir o projeto. A coisa deslanchou de vez quando Jude Law viu o preview de seis minutos e se apaixonou pelo projeto, tirando dinheiro do próprio bolso para viabilizar o filme.
- Gwyneth Paltrow assinou contrato para viver a repórter Polly Perkins sem ler um trecho sequer do roteiro. Bastou assistir ao curta de seis minutos. Olhando por esse lado, seria melhor que este curta nunca tivesse chegado ao seu conhecimento!
- As cenas da militar Franky Cook, interpretada por Angelina Jolie, foram rodadas em apenas dois dias e meio. Isso é que é ganhar dinheiro fácil.
- Numa determinada cena, Polly Perkins está ao telefone, relatando a invasão dos robôs gigantes ao seu editor (Michael Gambon). Sua fala é exatamente assim: “Eles estão atravessando a 6.ª Avenida… Eles estão atravessando a 5.ª Avenida… Eles estão a 100 metros de mim!”. Esta fala é uma reprodução exata da mesma fala que apavorou os EUA na radionovela A Guerra dos Mundos, de 1938, em que o ator Ray Collins narrava a chegada dos Marcianos. Para quem não sabe, a radionovela causou um caos sem precedentes nos Estados Unidos à época: como o programa era narrado como uma espécie de noticiário e este tipo de narrativa era praticamente inédita no campo da ficção, grande parte da população realmente acreditou que o planeta Terra sofria uma invasão de alienígenas assassinos.
- Uma seqüência de cenas ao início de Capitão Sky e o Mundo de Amanhã mostra a primeira página dos principais jornais do mundo, relatando a primeira invasão das máquinas. Numa referência hilariante, a primeira página de um jornal de Tokyo tem estampada uma foto em que os robôs estão enfrentando… Godzilla.
- Inicialmente o filme seria apenas um curta-metragem de 6 minutos, que mostraria o ataque dos robôs gigantes voadores à cidade de Nova York. Após a entrada de Jon Avnet como um dos produtores é que se decidiu por transformar o projeto em um longa-metragem. Avnet ficou tão impressionado com o trabalho que vinha sendo feito que convenceu o diretor Kerry Conran a fazer a mudança.
- Kerry Conran não foi nem uma única vez a Nova York durante o processo de filmagens, e também nunca tinha ido à cidade antes. O diretor recriou Nova York se baseando em antigas fotos da cidade.
- Para que o processo de edição tivesse uma maior flexibilidade, o diretor Kerry Conran filmou individualmente cada um dos centenas de extras do filme. Desta forma ele poderia manipular a presença dos extras da forma que quisesse, sem precisar rodar novamente a cena por completa.