MEMÓRIA MANGÁ: Hokuto no Ken volumes 4 e 5 - Review


Última leitura. E continuam as aventuras de Kenshiro, o herói porradeiro, na terra desolada à la Mad Max. O protagonista está no encalço de Jagi, seu irmão adotivo e um dos quatro herdeiros do estilo Hokuto Shinken. Jagi é tão malvadão que até amarra uma criancinha em uma pedra com o dobro de seu tamanho. Para variar, ver criancinhas mortas é algo que deixa Kenshiro injuriado, e ele faz uma promessa ao irmão do moleque que irá matar Jagi.
O volume 4 também foi o volume dos flashbacks. Mostra o duelo de Kenshiro e Jagi, e o mestre do estilo Hokuto escolhe Kenshiro como herdeiro do estilo. Jagi fica indignado e resolve pedir satisfações a Kenshiro. O protagonista então enche a cara de Jagi de porrada, e a cabeça dele dilata por causa dos golpes. Desfigurado, ele jura vingança contra Kenshiro.
Como se não fosse pouco flashback, ainda há o de Jagi se gabando de que manipulou Shin para dar um cacete em Kenshiro e sequestrar sua noiva Yuria. Em vista disso, óbvio que ele fica mais puto ainda e parte para cima de seu “irmão”. O problema de Jagi é que ele é outro vilão que morreu na praia. Um dos problemas do protagonista é que ele é forte demais e liquida seus inimigos sem muito esforço. É uma mistura de Batman e Wolverine no quesito de “ser foda”, apesar do visual do Stallone, outro fodão dos anos 80.
Sinceramente, Kenshiro é um protagonista que não tem grandes desafios; o único vilão que deu um pouco mais de trabalho para ele ate agora foi Shin, e só no flashback do primeiro volume. Depois, ele apanha que nem uma vadia criada. Jagi é a mesma coisa; parece um vilão foda, mas passa vergonha. A luta entre ele e Kenshiro é boa, mas dá para ver que Kenshiro é bem superior. Jagi até emprega o estilo Nanto Shinken, mas nem isso equilibra a luta. Antes de morrer despedaçado, ele diz para Kenshiro que seus outros dois “irmãos” estão vivos.
O segundo arco desse volume começa com Kenshiro indo atrás de seu irmão Toki. Esse Toki é tipo o Jesus Cristo do mangá, que prefere usar o estilo Hokuto para curar as pessoas. Kenshiro escuta de um valentão que Toki se tornou mal e agora usa as pessoas como experiência para testar os pontos de pressão. E de fato esse Toki de agora é o maior filho do puta sádico. Kenshiro desafia o capanga bucha de seu “irmão” em uma queda de braço sobre uma serra e aparece lá para tirar satisfação. Vendo que Toki enganou os pais de um menino doente e o matou (outra criancinha morta! Esse mangá é de infanticídio), Kenshiro fica indignado e parte para cima do vilão. Mas ele ainda não consegue usar o Hokuto, pois tem sentimentos por seu irmão.
Para variar, ainda acontece outro flashback, de Toki voltando para a comunidade que construiu e encontrando seu povo massacrado por uma gangue de bárbaros. Enfurecido, ele liquida todos. Mas entra em desespero e fica malvadão. Fim do flashback.
Para dar mais raiva de Toki, o pai do moleque que ele matou fica injuriado e parte para cima do vilão, apenas para ter uma morte horrível. Kenshiro se enfurece de vez, aparentemente ele vira a jogo e começa a vencer Toki, mas o vilão usa o corpo da mãe do moleque como escudo, e a luta mais uma vez pende para ele.
Então, Rei, o good fellow de Kenshiro aparece, e acontece a resolução ex machina da história. Rei diz que na realidade Toki não é Toki; é um falso Toki. Na verdade, é um tal de Amiba, que substituiu Toki. Esse é o efeito placebo que Kenshiro precisava para liquidar Amiba, aka Toki, que perde a luta vergonhosamente e é despedaçado.
Começa então o último arco desse volume que é Kenshiro e Rei indo atrás do verdadeiro Toki, que está preso na cidade-prisão de Cassandra, sob o julgo de um governador sádico. Desse ponto em diante, parece que o mangá sai da estética Mad Max e entra na estética Conan, pois os vilões parecem todos bárbaros de capacete de chifre. 


O volume 5, dando sequência ao volume anterior, Ken invade a prisão-fortaleza de Cassandra, atrás de seu irmão adotivo Toki, que seria o Jesus Cristo desse mundo de Hokuto. Logo, Kenshiro deve enfrentar o carcereiro do lugar, o tal do malvadão Uighur, que não dá nem para o cheiro e é logo despachado para a cova. Interessante é a mistura de gêneros no mangá, desde a óbvia influência de filmes pós-apocalípticos tipo Mad Max, passando por filmes de kung fu e westerns, mas esse arco de Cassandra parece ter saído de um livro de Robert E. Howard. O vilão Uighur não ficaria estranho em uma história de Conan.
Mas o que já era bizarro, fica ainda mais quando aparecem os guardas pessoais do tal tirano Ken-Oh, que se assemelham a uns indianos parrudos e gordos. De Conan, o enredo passa a filme de Bollywood. É por isso que realmente não dá para levar Hokuto no Ken a sério. Para impedir que os guardas de Ken-Oh alcancem Toki, os dois porteiros da prisão de Cassandra se sacrificam, o que enfurece Kenshiro, que liquida os guardas sem dó.
Enfim, Ken reencontra seu irmão Toki, mas não há muito tempo para comemorações. Ken revela que sabe a verdadeira identidade de Ken-Oh; ele se trata nada mais nada menos de seu outro irmão, Raoh. Ao contrário de Toki, que quer dar uma de Jesus Cristo, Raoh quer ser o conquistador do mundo pós-apocalíptico.
Abrem-se mais flashbacks, que revelam Raoh como um homem obstinado em ser o governante do mundo, decapitando um tigre em um teste de passagem para ser herdeiro do estilo Hokuto. Não só isso, Raoh também era apaixonado por Yuria, a mulher de Ken. Parece que, na terra natal deles, Yuria era a única mulher. Por isso, todo mundo queria pegá-la.
Ken, Rei e Mamiya vão ao encalço de Raoh, e são avisados por Bat, o sidekick de Kenshiro, de que as tropas de vilão invadiram o povoado e levaram todo mundo, inclusive Lin, a outra sidekick de Kenshiro, e Airi, a irmã de Rei. Quem chega primeiro às tropas de Raoh é Rei, que liquida todos com seu estilo Nanto Suicho Ken. Rei fica muito feliz por ter encontrado Lin e Airi vivas e mata o resto dos soldados.
Quando enfim enfrenta Raoh, Rei apanha igual a mulher de malandro. Então, é a hora de Kenshiro lutar contra seu irmão. O bom dessa edição é que vemos Kenshiro realmente tendo trabalho para lutar com alguém. Até então, ele liquidava todos os inimigos na maior tranquilidade. Raoh é excessivamente forte, e Ken não consegue nem derrotar o vilão, nem tirá-lo de cavalo Rei Negro, que é imenso, aliás.
No geral, Hokuto no Ken é um mangá divertido e uma das obras indicadas para quem gosta desse gênero. O enredo de Buronson flui bem, apesar de parecer novela mexicana, com diálogos inspirados. E não faltam pieguismo e cafonice. A arte de Tetsuo Hara, a despeito de estar um tanto datada, é excelente, muito detalhista e com conhecimento anatômico, principalmente ao mostrar os bandidos que Kenshiro mata explodindo de dentro para fora. E o personagem na capa não aparece neste volume. Vai debutar mais adiante no mangá. 
Nota 8 de 10.

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