In Memoriam | AKIRA TORIYAMA (1955 - 2024)

 


Dia oito (8) de março foi um dia triste para os fãs de animes e mangás e, também, de cultura pop, em razão do anúncio do falecimento do grande autor e desenhista de mangás Akira Toriyama, aos 68 anos, praticamente o responsável pela popularização de animes e mangás no Ocidente, sem exageros. Ele na realidade tinha falecido em 1o de março; porém, a divulgação pública ocorreu apenas posteriormente. Ao que parece, a causa da morte foi um hematoma subdural agudo.




Nascido em Nagoya, em 1955, Toriyama teve uma infância sobretudo rural. Nos extras de Dr. Slump, havia muitas descrições de como era seu cotidiano no interior. Quando adulto, enfim teve o sonho de ter uma história publicada na popular antologia Shonen Jump, com a história curta Wonder Island. Porém, seu primeiro mangá serializado e longo foi Dr. Slump, de 1980, também na Shonen Jump, que também seria seu primeiro trabalho a ser adaptado para anime.





Dr. Slump trata-se de um mangá bem característico do humor nonsense japonês. Particularmente, o considero até melhor que Dragon Ball, porque o grande talento de Toriyama ao meu ver nem era para histórias de ação, mas sobretudo para comédias. O enredo do mangá descreve a vida de Senbei Norimaki, um cientista atrapalhado e pervertido que vive na Vila Pinguim. Senbei cria uma menina robô, Arale. Vão surgindo outros personagens e, também, uma sucessão de situações cômicas e confusões. O humor de Dr Slump é aquele humor nonsense japonês que talvez não agrade a todos, mas do qual gosto bastante. Há piadas que chegam a ser escatológicas. Há muitas piadas de cocô, por exemplo. Toriyama aproveitou esse mangá para fazer referências a ícones da cultura pop oriental e ocidental dos quais era fã, como Godzilla, Ultraman e Superman. Tem um personagem que é uma paródia do Superman, o Suppaman, por exemplo, uma versão bem mais cômica e cretina do Homem de Aço.




Obviamente, a obra que transformou Toriyama em uma lenda no meio e mudou a cultura pop foi Dragon Ball, iniciado em 1984. Como todo mundo conhece esse mangá/anime, não irei entrar em tantos detalhes; porém, o curioso nele é que começou como uma paródia de filmes de kung fu wuxia. É uma reinterpretação da lenda do Rei Macaco, com o garoto Goku como protagonista. Por pressão dos editores da Shonen Jump, o mangá foi deixando de ser de comédia para se tornar um mangá de lutas, a despeito de nunca ter abandonado uma veia cômica. Goku cresce, casa-se com Chichi e tem filhos. A segunda fase do mangá, entretanto, é que alcançaria um sucesso sem precedentes, graças à sua adaptação para anime, a famosa fase Z.



O interessante dessa fase do mangá é que mostra claramente o quando Toriyama era fã do Superman. Goku é enviado para a Terra por seu pai, Bardock, um soldado de classe baixa dos saiyajins, quando seu planeta estava para ser destruído pelo vilão Freeza. Dessa forma, Goku é sim o Superman japonês. E o trio saiyajin que invade a Terra, Vegeta, Nappa e o irmão mais velho de Goku, Raditz, são uma óbvia alusão a Zod, Ursa e Non, os vilões de Superman II.

Lembro-me que Dragon Ball demorou bastante para chegar e fazer sucesso no Brasil. Só tive contato com a primeira fase do anime em 1995 ou 1996, quando o SBT passou a exibir. Dragon Ball Z só foi exibido por aqui em 1999, no Cartoon Network, e na TV aberta na Band, pouco tempo depois. No entanto, nos EUA e na Europa, o anime já tinha estourado há muitos anos e feito um sucesso incomparável. É possível afirmar sem exageros que Dragon Ball proporcionou esse cenário muito profícuo para animes que vivemos hoje no Ocidente. O mangá de Dragon Ball vendeu mais de 240 milhões de cópias em todo o mundo, um número astronômico. Toriyama valia tanto dinheiro para a Shueisha, a editora da Shonen Jump, e a Toei que ele foi proibido de viajar de avião por um tempo, por medo de que sofresse algum acidente.



Dessa forma, a franquia Dragon Ball rendeu e ainda rende muito dinheiro. Foram produzidos dezenas de filmes de Dragon Ball. Após Dragon Ball Z, produziram-se outras séries da franquia, como Dragon Ball GT, Dragon Ball Kai, Dragon Ball Super e a mais nova, Dragon Ball Daima. Sem contar as diversas adaptações para videogame, que também renderam milhões para a Shueisha e a Toei. A franquia só não teve muita sorte em filmes live action; as adaptações sul-coreanas e chinesas de Dragon Ball são terríveis. Em 2009, houve a adaptação norte-americana de Hollywood, Dragon Ball Evolution, outra grande bomba.


Nas últimas décadas, Toriyama meio que estava semiaposentado, depois de encher a burra de dinheiro com sua franquia mais famosa. Eventualmente, ele publicava algum mangá curto, de apenas um volume, como Sandland, ou a colaboração com outro autor de mangá, Masakazu Katsura, em Katsuraakira. Ele foi consultor criativo do anime e do mangá de Dragon Ball Super, mas não se envolveu ativamente nesses projetos.

Enfim, fica aqui minha homenagem a esse grande autor de mangá que praticamente uniu dois mundos, o Ocidente e o Oriente, com sua obra e que partiu com idade relativamente precoce para hoje em dia. Não é qualquer um que foi capaz dessa proeza. Talvez ninguém mais seja. R.I.P.

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