Por Trás dos Quadrinhos | THE SPIRIT (1940)

THE SPIRIT, representante da Era de Ouro dos quadrinhos norte-americanos, foi criado pelo desenhista e roteirista Will Eisner, em junho de 1940 e hoje em dia é tido como um dos personagens mais constantes do gênero, em todas as épocas. "The Spirit", o “policial morto” de incansável senso de justiça, perseguidor implacável de toda sorte de criminosos, sempre trajado com seu terno azul, máscara nos olhos, gravata vermelha e chapéu fedora agindo pela cidade, em em favor dos desafortunados. Desde sua criação, o personagem segue praticamente inalterado ao contrário de outros ícones das HQs, como Batman e o Super-Homem, que se prestam a incontáveis adaptações e readaptações. The Spirit é tão bem concebido, com todos os seus elementos perfeitamente moldados, que qualquer alteração já incomoda seus fãs. Quer saber mais? Fique conosco e conheça mais sobre este misterioso e destemido  vigilante que diariamente combate mal feitores na ruas de Central City.

'The Spirit', um detetive policial chamado Denny Colt que fora considerado morto, mas que na verdade vivia secretamente como um anônimo lutador mascarado (sem poderes) combatente do crime nas ruas da cidade de Central City, apoiado pelo seu velho amigo e chefe da polícia, Comissário Nolan. Sua base era no cemitério da cidade. As histórias abordavam uma larga variedade de situações: crime, romance, mistérios, horror, comédia, drama e humor negro.

Elegância, humor e um marcante estilo noir (influência dos filmes e dos romances policiais) caracterizam a criatura atlética, que vive às voltas com bandidos esquizoides, mulheres fatais e perigosas, e muitas aventuras mortais. 

Os quadrinhos se destacaram pela inovação dos enquadramentos, quase cinematográficos, abusando dos efeitos de luz e sombra. Além do ritmo da narrativa, inovadora pra época e da arte, com belas mulheres, cenas hilariantes, melodramáticas, mas que enfatizavam sobretudo o aspecto humano dos personagens.

The Spirit é uma criação de WILL EISNER, um dos mais importantes artistas de HQs e uma das maiores influências no desenvolvimento do gênero dos quadrinhos.

William Erwin Eisner, americano do Brooklyn, nascido no dia 6 de março de 1917 foi desenhista, roteirista, arte-finalista, editor, cartunista, empresário e publicitário, filho de judeus imigrantes (o pai era uma artista oriundo da Áustria).

Enquanto estudava no Instituto DeWitt Clinton, no Bronx, fez amizade com outro aluno que também gostava de desenhar: Bob Kane. Juntos, colaboraram na revista escolar. Após se formar, Eisner conseguiu um emprego para ilustrar anúncios do jornal “New American Newspaper”. Além disso, como “freelance”, criava ilustrações para “pulps”, revistas de contos fantásticos.

Em 1936, aos 19 anos, seguindo uma sugestão de Kane, entrou para a equipe da revista “Wow, What a Magazine!”, dirigida por Samuel “Jerry” Iger. Naquela revista, Eisner criou diversas HQs, como “Sheena” (1937, assinando como “W. Morgan Thomas”), o aventureiro “Scott Dalton”, a história de piratas “Falcão dos Sete Mares” (assinava como “Erwin”), a HQ de espionagem “Harry Karry” (como “Bill Rensie”), entre outras. No ano seguinte, com o fim da “Wow”, fundou com Iger o Eisner & Iger Studio, onde trabalharam grandes nomes das HQs, como Kane e Jack Kirby.

Em 1939 Eisner recebeu uma proposta do editor Everett Arnold (da Quality Comics) para produzir com exclusividade suplementos dominicais para jornais e achou melhor desfazer sua sociedade com Iger. Este continuou com o estúdio, agora com Al Grenet no lugar de Eisner.

Iger passou a ser diretor de publicações da editora Fiction House, e Eisner fez HQs para a Arnold. Criou os personagens “Pequeno Polegar” (Doll-Man) e “Condor Negro” (Black Condor I), e começou a produzir histórias no formato de 16 páginas para o tal suplemento dominical, onde apareciam sempre três HQs de várias páginas cada uma. Sua estréia foi em 2 de junho de 1940, e no principio incluía “The Spirit”, “Lady Luck” e “Mr. Mystic”.


Em 13 de outubro de 1941 “The Spirit” começou a ser publicado também como tira diária. Eisner deixou a série em 1942 ao ser mobilizado pela Guerra, onde produziu pôsteres, ilustrações e histórias propagandísticas para o Exército.

“The Spirit”, que tinha sido continuado por outros artistas devido à sua ausência, foi retomado por Eisner no episódio de 23 de dezembro de 1945. O herói prosseguiu com aventuras no suplemento dominical até 28/09/52, quando o autor cancelou a série para se dedicar a trabalhos mais lucrativos, como a American Visuals Corporation, empresa fundada por ele e dedicada à criação de HQs, vinhetas humorísticas e ilustrações.

Somente quando o editor holandês Olaf Stoop reeditou “Spirit”, no começo dos anos 70, Eisner voltou a interessar-se pela criação de quadrinhos. Em 1978 criou “Um contrato com Deus”, considerada a primeira “graphic novel”, que consiste em quatro histórias acerca da vida no Bronx dos anos 30. Depois, seguiram-se outras “graphics novels”, como “Life on another planet” (1978), “O sonhador” (1986), “No coração da tempestade” (1991), “O edifício” (1987) e “Invisible people” (1991-92). Um mês antes de morrer, concluiu sua obra mais política, “A conspiração” (2005), um ensaio gráfico sobre a história do livro “Os protocolos dos Sábios de Sião”.

Eisner teve uma importância decisiva para demonstrar que histórias em quadrinhos não são apenas para crianças e adolescentes. Além de sua carreira de quadrinhista, ensinou técnicas de HQs na Escola de Artes Visuais de Nova York, e escreveu obras fundamentais na criação de quadrinhos.


No ano de 1987, uma co-produção entre a Von Zerneck-Samuels Productions e a Warner Bros. Television levou ao ar no canal ABC THE SPIRIT, uma controversa adaptação para as telinhas estrelada por Sam J. Jones (Flash Gordon, 1980). Dirigido por Michael Schultz (Street Fighter – A Última Batalha), Nana Visitor (Major Kyra em Star Trek- Deep Space Nine), interpretando a namoradinha do herói, Ellen Dolan, e Philip Baker Hall (Magnólia e O Informante). Will Eisner desaprovou o tom do filme que tendia a paródia, muito semelhante a série de TV do Batman de `66. Embora tenha sido considerado um piloto para uma nova série, o projeto não foi levado adiante.
No fim da década de 80, a Rede Bandeirantes de TV chegou a exibi-lo com o nome: "O ESPIRÍTO"


SINOPSE: Denny Colt, detetive do Departamento de Polícia de Central City, sobrevive a uma tentativa de assassinato por criminosos. Porém, enquanto o público acredita que ele esteja morto, Denny decide usar isso a seu favor, já que estando "morto", ele não está sujeito às regras que vinculam os policiais comuns. Para isso, ele transforma uma tumba abandonada do cemitério local em uma base de operações e se aventura como combatente mascarado do crime. Assim, ele adota o nome de "THE SPIRIT" (O Espírito), um misterioso herói que veste um terno azul, chapéu fedora e uma pequena máscara para os olhos. Seu primeiro grande caso o coloca contra P'Gell, uma femme fatal que tem projetos criminosos na cidade.
Nana Visitor & Sam Jones

Confesso que assisti, mas lembro vagamente. Ainda assim, o melhor que posso dizer é que era mais um live action de super herói padrão anos 80. Ou seja, tosco! A produção é pobre, o roteiro raso e as interpretações esquecíveis. Embora, eu tenha de admitir que Sam Jones ficou muito bem caracterizado como o herói. A direção até tentou criar uma narrativa que lembra-se os quadrinhos, mas infelizmente o resultado não ficou bom.


Em 2008, THE SPIRIT foi adaptado para as telonas pelas mãos de FRANK MILLER. Porém, a adaptação em nada se preocupa com apresentar alguma fidelidade à obra de Eisner e nem mesmo como a apresentação do personagem para quem não o conhecia. Outrossim, a obra tem seus méritos e considero uma ótima opção de entretenimento. O longa tem um visual interessante e um ritmo legal, a produção é uma mistura meio que desajeitada de filme noir e Sin City. 


SINOPSE: Denny Colt (Gabriel Macht) é um ex-investigador novato da polícia que, misteriosamente, retorna do mundo dos mortos. Sob o alter-ego de Spirit ele combate o crime, se aproveitando das sombras de Central City. Um de seus inimigos é o Octopus (Samuel L. Jackson), que deseja destruir a cidade em sua busca pela imortalidade. Em sua cruzada Spirit lida ainda com diversas beldades, como a misteriosa secretária Silken Floss (Scarlett Johansson), a dançarina de cabaré e também assassina Plaster de Paris (Paz Vega), a sedutora fantasma Lorelei Rox (Jaime King), a jovem investigadora Morgenstern (Stana Katic), a inteligente Ellen Dolan (Sarah Paulson) e ainda Sand Saref (Eva Mendes), uma ladra internacional de jóias que foi a grande paixão de Denny Colt.


O longa de MILLER é surpreendente, com cenas tão surreais e alucinantes, fazendo a assistência crer que esta vendo um gibi literalmente ganhando vida. As cores são fortes, os exageros colaboram no desenrolar da trama e os personagens são tão estereotipados que só podem se tornar críveis no mundo alternativo dos quadrinhos. Infelizmente, talvez pela estética exótica e fora dos padrões comerciais ou pela inexperiência de Frank Miller na direção, o fato é que o filme foi duramente criticado tanto pelo universo cinematográfico, quanto por fãs de quadrinhos que se irritaram com as diferenças com relação à obra original e o longa também foi um fracasso de bilheteria.


No Brasil, The Spirit estreou em 1942, foi publicado nos títulos Suplemento Juvenil, O Globo Juvenil, Gibi Semanal, Eureka e Grilo e teve publicações solo pelas editoras L&PM, NG, Abril, Metal Pesado, Acme e Panini Comics.

Em 2008, foi publicado pela Panini Comics um encontro entre Batman e The Spirit escrito por Jeph Loeb com arte de Darwyn Cooke.

Em 2010, foi publicada a última história escrita por Will Eisner, um crossover com o Escapista, personagem surgido no livro As Incríveis Aventuras de Kavalier & Clay (2000) de Michael Chabon como criação dos autores fictícios Joe Kavalier e Sam Klayman (inspirados em Jerry Siegel e Joe Shuster, criadores do Superman).



BÔNUS: Clique nas IMAGENS abaixo para baixar as SCANS.








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