In memoriam | PETER DAVID (1956-2025)

 

Venho, mais uma vez, escrever um post por um triste motivo, que foi o falecimento do lendário escritor de HQs Peter David, no último dia 25 de maio. Infelizmente, pode-se dizer que ele teve uma morte anunciada, porque seus problemas de saúde já eram conhecidos de longa data. O revoltante é que tanto a Marvel quanto a DC praticamente o deixaram morrer, pois poderiam ter custeado seu tratamento, o que mostra a grande ingratidão dos presidentes de ambas as editoras.

Nascido em 1956 em Fort Meadle, Maryland, David formou-se em jornalismo na Universidade de Nova York. Apesar de ter trabalhado na área, David acabou se tornando representante de vendas dos quadrinhos da Marvel, e, como gostava de escrever, não demorou muito para que fosse indicado para assumir os roteiros dos quadrinhos da editora. Seu debut deu-se em The Spectacular Spider-Man no 103, em 1985.


No entanto, não demoraria para que David escreve sua primeira grande história nas HQs, que foi A Morte de Jean DeWolff, publicada em The Spectacular Spider-Man nos 107 a 110. Nessa história, uma coadjuvante de longa data das histórias do Homem-Aranha, a capitã Jean De Wolff é assassinada por um criminoso chamado Devorador de Pecados, e o Aranha começa uma caçada ao assassino, com o auxílio do Demolidor. Essa é considerada uma das mais sérias, dramáticas e pesadas histórias do Amigão da Vizinhança.


Logo em seguida, em 1987, David assumiu o título do Hulk, onde permaneceu por doze anos. E ele começou a escrever a revista em um momento conturbado, após uma fase tapa-buraco escrita por Al Milgron, depois que John Byrne encerrou prematuramente sua fase na revista do Gigante Esmeralda. O retorno do Hulk cinza e inteligente não foi ideia de David, porém o que ele fez depois quebrou para sempre os paradigmas do personagem.


As histórias clássicas do Hulk tinham um quê de novelas mexicanas, bem dramáticas. É só pegar as fases de Len Wein e Bill Mantlo para notar isso. Com David, as histórias do Hulk ficaram mais dinâmicas e irreverentes, e ele levou o personagem para espaços nunca imaginados. O Hulk cinza era mais fraco que o verde, mas mais inteligente e sacana. Outra coisa que ajudou o título a vender bem foram os desenhos de Todd McFarlane em início de carreira, já muito inovadores naquela época.

Em sua fase, David fez o Hulk desaparecer após seu arqui-inimigo, o Líder, destruir a cidadezinha de Middletown com uma explosão de bomba gama. Porém, o gigante sobrevive e isola a consciência de Bruce Banner, tornando-se o Sr. Tira-Teima, um leão de chácara que trabalhava para o mafioso sr. Berengetti em Las Vegas. Óbvio que não demorou muito para que Bruce voltasse a ressurgir, bem como a versão verde e burra do Hulk.



Em certo ponto dessa fase, surge uma organização chamada Panteão, que ajuda Banner a manter sua mente no corpo do Hulk. Esse Hulk não é a tal versão “Hulk professor”, como ficou conhecida, pois isso foi uma invenção de Paul Jenkins, e não de Peter David. Outra história memorável nessa fase é a morte de Jim Wilson, sobrinho de Sam Wilson, o Falcão, e ex-sidekick do Hulk, vítima da Aids.



Em 1992, David seria responsável por cria a versão 2099 do Homem-Aranha, em um selo da Marvel que fez bastante sucesso nos anos 90. A nova versão do Aranha seria Miguel o’Hara, um executivo da Alchemax que é envenenado e sabotado após entrar em uma câmara que alterou seu código genético, à la o filme A Mosca. Desse modo, o’Hara se tornaria o Homem-Aranha em um futuro alternativo da Marvel. Nessa época, David também seria responsável por escrever o X-Factor, reformulando a equipe mutante, agora sendo liderada por Alex Summers, o Destrutor.


David também passaria a escrever para a DC, ao assumir o título do Aquaman, em 1994, revitalizando o herói. A fase do Aquaman de Peter David é considerada a melhor do personagem, mas é bem polêmica, e, ao meu ver, o que ele fez foi praticamente transformar o herói no Namor.

Aquaman passa a ficar mais raivoso e revoltado, principalmente quanto tem sua mão devorada por piranhas, durante o confronto com o vilão Charybdis. Então, ele substitui a mão pelo arpão, deixa o cabelo e a barba crescer e fica mais bad-ass. Esse negócio das piranhas comerem a mão dele para mim é um furo, pois, graças à densidade e à pressão das profundezas do Oceano, Aquaman é quase invulnerável e não é ferido nem por tiros. Porém, umas piranhas podem devorar sua mão de boa.

Nessa fase, Aquaman também passou a ficar mais Don Juan e pegador, mais sensual. Ele se envolve com a Delfin e trai a Mera. David também aproveitou para fazer um paralelo entre Aquaman e os mitos arturianos, tendo um papel de rei salvador das cinco cidades perdidas de Atlântida.


Ainda em sua fase na DC, David escreveria a revista da Justiça Jovem, uma equipe de heróis sidekicks.  Apesar de as histórias serem meio bobinhas e teens, até que são divertidas. Ele também assumiu o roteiro da revista da Supergirl, criando uma nova versão da personagem, protagonizada por Linda Lee Danvers.

Nos anos 2000, David chegou a escrever uma fase da Mulher-Hulk, que não foi muito bem de público e crítica. Na contramão do que foi feito antes, nas fases de John Byrne e Dan Slott, ele tentou escrever a personagem de uma forma mais séria, o que não funcionou.

Vale destacar também o projeto autoral de David, Fallen Angel, HQ que foi publicada originalmente pela DC e depois pela IDW, que conta a história de Lee, uma super-heroína que combate o mal e a corrupção na cidade de Béte Noire, governada pelo maligno Magistrado.


David, além de escrever HQs, também foi autor de livros de ficção científica, incluindo vários de Star Trek. Ele escreveu ainda uma novelização do filme Homem-Aranha 3. David também foi responsável por roteiros de TV e cinema, o que mostra o quanto foi profícuo como escritor.

Em suma, fica aqui minha retrospectiva e meu reconhecimento a esse grande escritor das HQs que infelizmente nos deixou precocemente. Fará muita falta. R.I.P.



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