Papo de Cinema | OS BRUTOS TAMBÉM AMAM (Shane) - 1953


Em posts anteriores cheguei a declarar que é quase impossível listar os melhores filmes do cinema, sem citar as grandes obras da década de 50. E, neste PAPO DE CINEMA vamos revisitar um do melhores faroestes do gênero, do aclamado diretor George Stevens que obteve seis indicações para o Oscar e fez deste longa um dos grandes clássicos do cinema americano. O filme da vez é o excelente: "Os Brutos Também Amam". Se você já conhece, não pode perder a chance de conhecer um pouco mais dessa pérola do western americano. Caso não saiba do que estamos falando, não se preocupe e continue conosco, temos coisas muito boas para te mostrar. Sem mais delongas, vamos a nossa matéria!

SINOPSE:  O filho de humildes rancheiros passa a idolatrar o gentil e muito hábil pistoleiro Shane (Alan Ladd). Ele, um forasteiro na cidade, ajuda o grupo de pequenos colonos a defender suas terras de capangas a serviço de um barão do gado. 

Título: OS BRUTOS TAMBÉM AMAM
Título Original: Shane
Ano: 1953
País: EUA
Direção/Produção: George Stevens
Roteiro: A.B. Guthrie Jr. e Jack Sher (diálogos adicionais) 
(Baseado na obra: Shane de Jack Schaefer)
Elenco:
    Alan Ladd como Shane
    Jean Arthur como Marian Starrett
    Van Heflin como Joe Starrett
    Brandon deWilde como Joey Starrett
    Jack Palance (creditado como Walter Jack Palance) como Jack Wilson
    Ben Johnson como Chris Calloway
    Edgar Buchanan como Fred Lewis
    Emile Meyer como Rufus Ryker
    Elisha Cook, Jr. como Frank "Stonewall" Torrey
    Douglas Spencer como Axel 'Swede' Shipstead
    John Dierkes como Morgan Ryker
    Ellen Corby como Sra. Liz Torrey
    Paul McVey como Sam Grafton
    John Miller como Will Atkey, o bartender
    Edith Evanson como Sra. Shipstead
    Leonard Strong como Ernie Wright
    Nancy Kulp como Sra. Howells
Gênero: faroeste
Duração: 118min
Música: Victor Young
Cinematografia: Loyal Griggs
Edição: William Hornbeck e Tom McAdoo
Distribuição: Paramount Pictures
Lançamento: EUA em 23 de Abril de 1953 
Bilheteria (EUA): US$ 9 milhões 
 

OPINIÃO:
 
OS BRUTOS TAMBÉM AMAM (Shane) é descrito pela maioria dos críticos e entusiastas do gênero como a síntese do que é um filme de faroeste. O longa reúne todos os elementos essenciais dos melhores do gênero. Ou seja, tem o homem solitário, bom de tiro que luta só, de passado misterioso, desconhecido. Tem a vastidão das paisagens infinitas (um gigantesco vale, cortado por um rio, à sombra das montanhas). Tem a questão da conquista da terra inóspita por um bando de valorosos colonos. Gente brava, lutadora, trabalhadora, que vai empurrando a fronteira do país ao longo das terras selvagens. O clássico conflito entre os primeiros a chegar, os que enfrentaram os índios e criaram gado, contra os que vieram logo depois, com suas famílias, muitos deles imigrantes estrangeiros. O conflito entre os criadores de gado, que se acham os únicos donos de todas as terras, que fazem prevalecer suas vontades através das armas, e os colonos, honestos trabalhadores que só querem sobreviver com dignidade naquele lugar. A família unida por fortíssimos laços de amor e trabalho. A festa, o encontro das famílias num feriado com danças, alegria, todos nas suas melhores roupas dominicais. O saloon onde os maus se reúnem à espera do melhor momento de atacar. As lutas, os socos e pontapés que parecem não acabar nunca, até que o "mocinho" vence a parada. Um homem bom morto por um pistoleiro rápido no gatilho que se veste todo de preto. O clímax, o duelo final, derradeiro. Pois é, sem spoiller você já lembrou de uma infinidades westerns que assistiu, não é mesmo? Mas, claro que a trama tem mais. O filme também trouxe outros elementos não tão típicos do velho oeste selvagem e mais comuns em dramas românticos: o triângulo amoroso (ainda que apenas insinuado). É notória a atração da mulher casada pelo estranho misterioso, e a atração do estranho pela mulher do homem que ele resolveu ajudar e admiração do garoto da família. Algo raramente visto em outros faroestes é quando percebemos que o herói tem inveja da vida do homem que é o oposto dele, que tem raízes fincadas na terra, um lar, um teto, um filho, uma companheira para a vida inteira. E, diga-se de passagem, essa pitada, na medida certa de romance e drama é um dos grandes diferenciais da trama e valoriza sobremaneira a obra. Enfim, revi recentemente este filme e considero que envelheceu muito bem. É, ainda hoje, um ótimo entretenimento para quem gosta de um bom Bang Bang. Peca um pouco no ritmo e na ação, por isso e nada mais, ouso pontuá-lo com nota: 8/10.
 

PRÊMIOS e INDICAÇÕES

Oscar 1954 (EUA)
    Venceu na categoria de melhor fotografia colorida.
    Indicado nas categorias de melhor: filme, diretor, roteiro, ator coaduvante (Brandon De Wilde), outro ator coadjuvante (Jack Palance, que nos créditos iniciais aparece como Walter Jack Palance), fotografia em cores. 


BAFTA 1954 (Reino Unido)
    Indicado nas categorias de melhor filme de qualquer origem e melhor ator estrangeiro (Van Heflin).

 CURIOSIDADES:

  • Os Brutos Também Amam está em 3º lugar na lista dos melhores westerns do American Film Institute, logo abaixo de Rastros de Ódio (The Searchers) e Matar ou Morrer (High Noon). 
  • O longa é um dos cinco westerns do livro Hollywood Picks the Classics; está nos livros 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer e 501 Must-See Movies. 
  • Shane é considerado o melhor papel da vida do ator Alan Ladd (1913-1964). O ator interpretou personagens fortes, em especial em filmes policiais. Por algum tempo, fez papéis bem pequenos – inclusive em Cidadão Kane, em 1941. Como um assassino de aluguel em Alma Torturada (This Gun for Hire), de 1942; trabalhou nesse filme ao lado de Veronika Lake, e o sucesso foi tanto que a Paramount, repetiu a dupla em vários outros filmes, como, por exemplo, A Chave de Vidro (The Glass Key), também de 1942. Morreu jovem, aos 50 anos de idade, devido a uma mistura letal de sedativos e álcool. 
  • O personagem foi revivido na série de televisiva de 1966: SHANE, nesta versão interpretado por David Carradine.   

  • Clint Eastwood dirigiu um semi-remake de Shane, chamado Pale Rider (Cavaleiro Solitário, no Brasil). 
  • Sergio Leone em Per qualche dollaro in più (Por uns dolares a mais, no Brasil), fez uma homenagem à sequência em que Shane foi visto atirando, pelo garoto. 
  • Em uma tira de Snoopy, de Charles Schulz, o cãozinho se veste de cowboy. Woodstock diz: Volte Shane!, em seu dialeto característico. 
  • O personagem Shane também já foi mencionado como o melhor filme para Al Budy, no seriado de televisão Um Amor de Familia (Married with Children). 
  • Nos quadrinhos dos X-Men Ultimate, Tempestade compara o estilo nômade de Wolverine com Shane, dizendo: "de cidade em cidade, corrigindo erros" (from town to town, righting wrongs). 
  • Na série de TV do Batman, Cliff Robertson interpreta um vilão chamado "Shame" (trocadilho em inglês, misturando Shane com shame (vergonha)). Sua roupa é idêntica a de Shane, e um garoto diz: Come back, Shame!, quando Batman o leva para a prisão. 
  • No filme: Os Bons Companheiros (Goodfellas), o personagem de Joe Pesci antes de atirar no pé do garçom, pergunta ao personagem de Robert De Niro: Qual o filme de cowboy estrelado por Humphrey Bogart? (What was that cowboy movie that starred Humphrey Bogart? ) e De Niro responde, brincando: Shane. Embora o filme fosse: A Lei do Mais Forte (The Oklahoma Kid), no qual o pistoleiro atira no chão fazendo os outros dançarem.   

  • Na série animada "Hey Arnold" da Nickelodeon, no episódio "nado sincronizado" foi feita uma referência ao filme porém, o nome "Shane" foi trocado por "Wayne" e a icônica frase foi substituída por "Wayne! Wayne! Volte Wayne". 
  • Em "Logan", Charles Xavier assiste Shane e o discurso final para Joey é mostrado com ênfase. 
  • Os Brutos Também Amam foi o último filme da carreira de Jean Arthur, uma das grandes estrelas de Hollywood nos anos 30 e 40, apesar de não ter a beleza típica, padrão, de outras atrizes. Seu forte era a comédia, trabalhou em duas do próprio George Stevens: "E a Vida Continua" (The Talk of the Town), de 1942, e Original Pecado/Quanto Mais Melhor (The More the Merrier), de 1943; também trabalhou com Frank Capra em Do Mundo Nada se Leva (You Can’t Take it with You), de 1938, e A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington), de 1939, com  Billy Wilder em "A Mundana" (A Foreign Affair), de 1948, para citar só alguns exemplos. 
  • O ator Brandon De Wilde tinha 11 anos quando interpretou o garoto Joey Starrett, em Shane, mas já havia feito outro filme antes: "Cruel Desengano" (The Member of the Wedding). Brandon continuou atuando depois que cresceu, ao contrário de muitos atores mirins que logo desaparecem das mídias; teve um show na TV, e morreu em 1972, aos 29 anos num acidente de carro.   
  • As filmagens de Shane foram num parque nacional do Wyoming, próximo a uma magnífica cadeia de montanhas, Grand Tetons, pertencente às Rochosas. 
  • Entre as filmagens e a estréia, passaram-se dois anos inteiros. George Stevens tinha fama de perfeccionista, de filmar diversas vezes o mesmo take, de levar muito tempo na fase de montagem. “Quando chegou a temporada de indicações para o Oscar de 1953, Alan Ladd tinha deixado a Paramount e assinado contrato com a Warner Bros. Como retaliação, a Paramount decidiu não fazer campanha por uma indicação do ator ao prêmio”, conta o livro Hollywood Picks the Classics. 
  • Shane foi vítima de um inominável, hediondo crime, na época de seu lançamento nos cinemas americanos. Ele foi feito no tamanho de tela até então padrão – e todo o extraordinário trabalho do diretor George Stevens e do fotógrafo Loyal Griggs foi criado nesse tamanho, nessa proporção. Os enquadramentos são milimetricamente estudados – as tomadas são de uma beleza fascinante. Mas era a época do início do CinemaScope, a tela comprida, retangular – o hoje widescreen. Pois a Paramount lançou o filme como se fosse CinemaScope! Diz Pauline Kael: “A fotografia de Loyal Griggs ganhou o Oscar; isso deve tê-lo surpreendido como uma piada de humor negro, porque a Paramount, para aproveitar a nova moda da tela grande, mutilou as composições, cortando a parte de cima e de baixo.” Felizmente, no DVD, o que se vê é o formato padrão, em que o filme foi feito.

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