CONVERSA DE CINEMA: AGENTES SECRETOS - BOND, JAMES BOND

 Já fizemos algumas postagens sobre agentes secretos em nosso blog, mas até agora não falamos daquele que influenciou a todos desde 1962. A quem nos referimos? "Você sabe o nome. Você sabe o número" - Sim, ele mesmo JAMES BOND, o agente 007. Demoramos porque é um personagem muito conhecido e difícil de se apresentar algo novo sobre ele. Mesmo assim, aqui estamos nós. E esperamos que ache alguma curiosidade que não conhecia...





Mesmo sendo um fã incondicional dos filmes de Bond (assisti a todos, até os não 'canônicos'), encontro uma certa dificuldade em escrever sobre o personagem. James Bond é extremamente conhecido e já foi explorado em inúmeras postagens no decorrer dos anos, como falar ainda mais sobre ele?! Mas, o personagem merece e voces leitores também. Sem mencionar o fato de dar um certo prazer falar de um personagem que se gosta. 


Vamos então começar...pelo inicio! Como todos sabem Ian Fleming serviu na Divisão de Inteligência Naval britânica e nutria o desejo secreto de se tornar escritor. Queria escrever o livro "de espionagem que acabaria com todas as história de espionagem". Em fevereiro de 1952, começou a realizar este sonho ao escrever seu primeiro romance de James Bond (um desconhecido então!): CASSINO ROYALE. O livro foi escrito no mesmo lugar que os demais, na casa de Fleming na Jamaica. Os ingleses (ricos) tem mania de dar nomes as casas, a de Fleming era "Goldeneye" (que deu titulo ao primeiro filme de Pierce Brosnan). 


Manuscrito pronto, Fleming o mostrou a seu amigo William Plomer que gostou e o levou a uma editora porém um dos sócios, Jonathan Cape, não achou grande coisa. Mas, graças a uma recomendação do irmão mais velho de Fleming, decidiu publica-lo em 1953. Foram 4.728 cópias...que evaporaram em menos de um mês! Providenciou-se uma segunda edição...que evaporou-se...no mesmo mês! Dai veio uma terceira edição com 8.000 exemplares, que também se esgotou rapidamente. Começava a carreira de escritor de Ian Fleming e a carreira de espião de James Bond...


Curiosamente, falando depois sobre sua criação, Ian Fleming declarou que queria que o personagem fosse "um homem extremamente chato e desinteressante a quem as coisas aconteciam". Em concordância com isto queria que seu nome também fosse chato, como estava lendo um livro sobre pássaros que pertencia a sua esposa, escolheu o nome do autor: James Bond para seu personagem...(imaginem quão interessante era o livro!). Mal sabia Fleming, que Sean Connery imortalizaria o nome, jogando bacará, acendendo um cigarro e dizendo: "The name is Bond. James Bond".


A interpretação de Connery do agente também vai de encontro ao desejo de Fleming de que o agente fosse chato e desinteressante. Pois o Bond de Connery era cínico, um tanto arrogante, galanteador e violento. Felizmente o próprio Fleming não levou seu desejo em frente nos romances, pois Bond não tinha nada de chato ou desinteressante, na verdade se parece muito com o Bond de Daniel Craig, que trouxe uma violência mais crua ao personagem...


Se você tem curiosidade a respeito de como Bond é descrito nos livros, só precisa ler "Moscou contra 007" que o descreve como "esguio; com uma cicatriz de 7 centímetros vertical na bochecha direita (abolida nos cinemas); olhos azuis-acinzentados; boca 'cruel'; cabelos curtos e pretos, com uma 'virgula' caindo na testa". Fleming queria que ele parecesse o cantor Hoagy Carmichael, que pode ser visto abaixo junto ao conceito de Fleming do agente 007...




Reza a lenda que Fleming não gostou da escolha de Sean Connery como o agente James Bond, dizendo inclusive que seu personagem não era um 'estivador'. No lugar de Connery diz-se que ele queria um dos seguintes atores: James Mason (conhecido como o Cap. Nemo de "20.000 Léguas Submarinas" ou James Stewart (conhecido como "O Homem que Matou o Facínora"). Destes dois somente Stewart se encaixa na descrição de Bond e se qualquer um tivesse feito o papel, dificilmente a cinessérie teria decolado. Não que sejam atores ruins, mas não conseguiriam imprimir o charme que Connery colocou no personagem...


James Mason / James Stewart


Bem, já ficamos sabendo da aparência, da escolha do nome, os atores preferidos de Fleming para o papel, mas e o número "007"?? O número tem como inspiração uma das maiores conquistas da inteligência naval britânica durante a Primeira Guerra Mundial: a quebra do código diplomático alemão. Graças a esta quebra de código foi possível decifrar o documento chamado "Telegrama Zimmerman", onde a Alemanha propunha uma aliança militar com o México, caso os EUA entrassem na guerra. O México recuperaria o Texas, o Arizona e o Novo México...Por causa disto os EUA entraram na guerra...


Mas qual a ligação com o numero do agente? Este documento secreto recebeu o código "0075". Depois disto, se o documento recebia designação "00", significava que era altamente classificado. Além disto, John Dee (matemático, astrônomo, astrólogo, professor de ocultismo e alquimista. Ufa!) que foi acusado de espionar para a coroa, assinou suas cartas para a Rainha Elizabeth I com o símbolo "007", marcando-as assim como pessoais. Somente para os olhos da rainha....Nos livros e filmes a designação '00' significa que o agente tinha 'permissão para matar', o que Bond fazia com frequência...





Depois do sucesso do romance de 1953, Fleming escreveu mais 11 romances e duas coleções de contos. Dois destes romances foram lançados após sua morte em 1964: "O Homem da Pistola de Ouro" (1965)  e "Octopussy" e "The Living in Daylights" (1966, duas histórias). Mas, não foi o fim das aventuras do agente, pois desde sua morte 8 autores escreveram romances ou novelizações autorizadas. São eles: Kingsley Amis; Christopher Wood; John Gardner; Raymond Benson; Sebastian Faulks; Jeffery Deaver; William Boyd e Anthony Horowitz...Como se não bastasse, Charlie Higson escreveu uma série literária sobre um jovem James Bond e Kate Westbrook, escreveu tres romances baseados nos diários de Moneypenny


O sucesso dos romances também levaram a Eon Productions a adquirir os direitos de adaptação para o cinema de quase todos os livros (um ficou de fora). E assim em 1962 lançou a primeira adaptação do personagem para o cinema: "O Satânico Doutor No", baseado no livro homônimo de 1958...E da mesma forma que o primeiro romance, este primeiro filme estourou nas telas! Marcando de vez o cenário de filmes sobre espionagem. Como dissemos em nossa introdução este filme influenciou todos os que vieram depois...e lá se vão 60 anos e 26 filmes oficiais, 3 não oficiais, uma animação para TV e uma adaptação para a TV que será assunto de uma próxima postagem. 


E não parou por ai. O personagem invadiu os videogames; os jogos de RPG; os quadrinhos e os brinquedos não tão infantis! Causou guerras em tribunais, por causa de direitos do romance "Thunderball"  ("Chantagem Atômica" no Brasil); da organização SPECTRE. Como se não bastasse, o único livro não adquirido pela Eon Productions: "Cassino Royale", quase fez com que a história do personagem nas telas fosse diferente...


Mas, isto será assunto de uma próxima postagem...até lá! 



James irá retornar em: "JAMES BOND: CASSINO ROYALE 1954 - O FILME QUE "QUASE" MUDOU TUDO!"



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