REVIEW | A Morte da Tia May



Este encadernado da editora Salvat republica um importante arco de histórias do Homem-Aranha, escrito por Marv Wolfman em 1979, antes de o autor decidir partir para a DC e escrever Os Novos Titãs. No enredo, Peter Parker tinha internado sua amada tia May em uma casa de repouso e precisa resolver pendências de sua vida pessoal. Porém, em seu caminho, surge a misteriosa e sensual Felicia Hardy, a Gata Negra, uma cópia genérica da Mulher-Gato, mas que será bastante presente na vida do herói nos anos seguintes, seja como inimiga, aliada ou amante.



A Gata Negra tinha sido inicialmente criada por Wolfman para ser uma vilã da Mulher-Aranha, mas foi reformulada e inserida nas histórias do Aranha, em Amazing Spider-Man nº 194. Seu primeiro objetivo foi tirar seu pai, Walter Hardy, na prisão. Pouco depois da morte do pai, a personagem oscilou bastante entre vilã e anti-heroína e teve um relacionamento conturbado com Peter/Aranha. Engraçado é que, apesar de ter sido uma cópia da Mulher-Gato, a versão moderna da vilã/anti-heroína mais famosa do Batman também teve certa influência da Gata Negra. Anteriormente, a Mulher-Gato era uma vilã tipo chefona do crime, com capangas e tudo. No pós-Crise nas Infinitas Terras, tornou-se uma gatuna solitária, parecida com a Gata Negra, e também mais próxima de uma anti-heroína.
Em seguida, o Aranha deve enfrentar um dos seus maiores inimigos, o Rei do Crime, que deseja eliminar o Cabeça de Teia de uma vez por todas antes de aposentar-se e deixar os EUA com sua esposa Vanessa. Essa é a última história em que o Rei figura antes de voltar como arqui-inimigo do Demolidor, na fase de Frank Miller. Portanto, é aquela versão do Rei que costumava entrar mais em confrontos físicos diretos com o Aranha, em vez de ser o o vilão mais frio e calculista das histórias do Demolidor de Miller, que raramente se envolvia em confrontos físicos com o herói e agia sempre nos bastidores, tornando-se uma ameaça bem maior que a do Rei do Crime caricatural das histórias antigas.




Peter ainda tem a desoladora notícia da morte de sua tia May, o que o deixa transtornado. No entanto, ele desconfia que há algo de errado nessa história, o que o leva a um confronto com outro de seus tradicionais vilões, Quentin Beck, o Mystério, que é na realidade o responsável pelo asilo no qual May ficou internada por um tempo, o doutor Rinehart. Na verdade, Mystério disfarçou-se de Rinehart para ficar com a herança dos velhinhos, e a tia May foi uma de suas vítimas.



Entretanto, a surpresa fica por conta de Amazing Spider-Man no 200, no qual o Aranha descobre que tia May está viva e que o ladrão que assassinou seu tio Ben está de volta, atrás do suposto tesouro do gângster Dutch Malone, um ex-chefão do crime que era o proprietário original da casa de Ben e May Parker. No entanto, não faz muito sentido um chefão do crime querer morar em uma casa padrão classe média no Queens. A despeito disso, finalmente o Aranha tem sua chance de desforra contra o assassino do tio Ben e pode salvar May de uma morte iminente. E assim se fecha um ciclo.

Pelo visto, esses eventos cronológicos meio que foram esquecidos posteriormente, pois, com o passar dos anos, não houve mais citações dessa desforra do Aranha contra o assassino de seu tio, nem sobre o pretenso tesouro de um mafioso que estava escondido na casa dos Parker. Essas histórias foram ilustradas por Keith Pollard, Al Migron e Sal Buscema, todos grandes artistas da Marvel da época. Nota 7,5 de 10.



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