Papo Furado | OS QUADRINHOS DA EBAL (1945 - 1995)
Dos quadrinhos publicados no Brasil na década de 1970, e antes disso também, tínhamos a Editora EBAL. Acompanhei algumas publicações feitas por eles como Superman, Batman, Flash (ou The Flash como é mais conhecido hoje) e Morcegomem. Para mim, que comecei a ler essas histórias na metade em diante daquela década, a EBAL era a editora que publicava as aventuras do Superman e Batman, basicamente. Era também a editora que publicava Tarzan, com edições em branco e preto e à cores.
Lembro dos álbuns que a EBAL lançou com o personagem Flash Gordon de Alex Raymond. Eram edições de capa dura e em formato grande. Nunca chegaram às bancas da minha cidade. Só fui ver esses álbuns em lojas de comics em São Paulo nos anos 1990.
A Editora Brasil-América Limitada, mais conhecida pelo acrônimo EBAL, foi uma das mais importantes editoras de história em quadrinhos do Brasil. Fundada em 18 de maio de 1945 por Adolfo Aizen, o “Pai das Histórias em Quadrinhos do Brasil”, foi de extrema importância por difundir o gênero no país. Em seu período áureo, a editora era dirigida, também, por Paulo Adolfo Aizen e Naumin Aizen, ambos filhos de Adolfo Aizen, bem como pelo jornalista Fernando Albagli.
Antes de criar a EBAL, Aizen foi proprietário da editora “Grande Consórcio de Suplementos Nacionais” (editora que atuou entre os anos de 1934 e 1942), onde editava publicações como Suplemento Juvenil, O Mirim e O Lobinho (nos quais debutaram muitos dos personagens da Era de Ouro dos Quadrinhos, como Falcão da Noite, The Flash (Joel Ciclone), Superman, Batman e outros), já era um profissional experiente quando fundou a Editora Brasil-América. O primeiro título lançado por ela foi Seleções Coloridas em 1946, que durou apenas 17 edições. Suas páginas traziam histórias da Disney, entre elas as primeiras de Carl Barks publicadas no Brasil.
A revista foi publicada em parceria com a editora argentina Editorial Abril de Cesar Civita (irmão do jornalista Victor Civita), Civita possuia a licença dos personagens Disney e uma moderna impressora colorida, anos mais tarde, o irmão de Cesar, Victor fundaria a Editora Primavera (atual Editora Abril).
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O primeiro título sem o auxilio da editora argentina foi O Heroi (sem acento mesmo), trazendo a princípio histórias de aventura da Fiction House (editora que publicou os heróis das selvas: Sheena, a rainha das selvas , Kaanga (traduzido para Kionga), Tabu, entre outros) além de Edição Maravilhosa (versão brasileira das revista Classics Illustrated e Classic Comics)que trazia adaptações de clássicos da literatura.
A publicação já era um tremendo sucesso quando a editora lançou seu título mais longevo com um único super herói: Superman, publicado de novembro de 1947 até outubro de 1983.
A Ebal lançaria no Brasil vários autores estrangeiros, como Alex Raymond (Flash Gordon), Lee Falk (O Fantasma, Mandrake), Walt Disney (em Seleções Coloridas), Hal Foster (Príncipe Valente), e Chester Gould (Dick Tracy), além das publicações da DC e posteriormente da Marvel Comics.
Já firmada como a principal editora do gênero no Brasil nos anos 1950 e 1960, a Ebal era líder também nas bancas, vendendo anualmente milhões de revistas e chegando a ter inclusive mais de 40 títulos mensais com tiragens superiores a 150 mil exemplares.
Além de material importado, a Ebal publicou várias revistas com artistas brasileiros, como Álbum Gigante, Série Sagrada, com biografias de santos católicos e Episódios e História do Brasil e Figuras do Brasil, com adaptações de fatos históricos.
Célebre na época foi também a estréia dos personagens da editora norte-americana Marvel. Em parceria com a Atma (que lançava no país produtos relacionados aos heróis) e os postos Shell – fazendo com que personagens como Homem de Ferro, Capitão América e Hulk fossem lançados no Brasil como “Super Heróis Shell”.
Ao longo dos anos 1980 a EBAL seguiria publicando esporadicamente alguns álbuns de Tarzan e personagens de faroeste americanos. Em 1989, a EBAL investiu em revistas em quadrinhos estrelando os heróis japoneses da Toey Company, inciando com Jaspion e Changeman, produzidas pelo Studio Velpa, com roteiros de Ataíde Braz e arte de Roberto Kussumoto, Neide Harue e Edson Kohatsu, no ano seguinte, as séries são transferidas para a Editroa Abril. A editora ainda publicou uma edição anual de Príncipe Valente, mas com a morte de Aizen em 1991 ficou cada vez mais difícil seguir em frente. A última edição de Príncipe Valente, Vol. XV, foi publicada em 1995. O velho prédio da EBAL ainda está lá, em São Cristóvão, o grande orgulho de Adolfo Aizen, que começou sua editora em uma pequena sala de um edifício.
Durante suas primeiras quatro décadas a Ebal foi uma forte influência em várias gerações de editores, artistas e leitores, contribuindo decisivamente para a estabilização das histórias em quadrinhos no Brasil. Atualmente fala-se muito do impacto das revistas em quadrinhos como uma forma de expressão artística importante no mundo atual. Mas nas décadas de 1950 e 1960 as críticas e os ataques por parte de setores conservadores e clericais da sociedade eram constantes, propagando que o gênero era prejudicial aos jovens.
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Mas Adolfo Aizen defendeu de forma ferrenha os quadrinhos em inúmeras entrevistas, artigos e campanhas, afirmando que as revistas, na realidade, estimulavam o hábito de ler, sendo de uma importância ímpar na educação.
A própria trajetória da Editora Brasil-América confunde-se com a evolução da imprensa brasileira e seu impacto na sociedade. Apesar disso, o tema nunca ganhou o merecido destaque, só sendo visualizado em sua total dimensão com o lançamento em 2004 de “A Guerra dos Gibis: A Formação do Mercado Editorial Brasileiro e a Censura aos Quadrinhos” do jornalista e escritor Gonçalo Júnior , uma pesquisa ampla e sem precedentes da história da EBAL.
Um parêntesis aqui para falar deste título acima, o Morcegomem. Era tipo uma história de anti-herói misturada com terror, pois o cara se transformava em morcego. A trama era mais ou menos assim: ao perseguir uma gangue de ladrões, Batman recebe ajuda do Morcegomem, a identidade do cientista Dr. Kirk Langstrom. Langstrom usa um código genético de morcegos em si próprio e torna-se meio homem, meio morcego. Buscando uma cura para seu mal, Langstrom entra para o crime e torna-se inimigo do Batman. Desses gibis eu comprei vários, não sei quantos ao certo mas foram diversos.
Crédito do Post: Jardim Eclético Rock Blog
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