Lendas da ATLÂNTIDA | ELIANA MACEDO (1926 - 1990) - a primeira "namoradinha do Brasil"

 

A atriz e cantora Eliana Macedo é considerada a primeira "namoradinha do Brasil" (bem antes da Regina Duarte). Sua primeira atuação em filmes foi no “E o Mundo se Diverte” ao lado de Carlos Manga, que foi responsável pela época áurea da “Atlântida”. Eliana gravou e interpretou em seus filmes várias composições. Como cantora, seu maior sucesso foi a música "Beijinho Doce". A musa das chanchadas da Atlântida fez quase 30 filmes em uma carreira no cinema que durou mais de vinte anos. Ela contracenou com os grandes nomes do nosso cinema na época como Oscarito, Grande Otelo, Anselmo Duarte, Cyll Farney e José Lewgoy. Enfim, inquestionavelmente, uma das LENDAS da Atlântida que ora estrela essa modesta coluna. Fique conosco e conheça um pouco mais desta musa e da história do cinema brasileiro.


Eliana Macedo e Adelaide Chiozzo cantam "Beijinho Doce" (1950)

Ely de Souza Macedo nasceu na Portela, terceiro distrito do município de Itaocara, no Rio de Janeiro, em 21 de Setembro de 1926. Filha de Élio Lourenço de Souza e Elia Macedo de Souza, adotou o nome artístico de ELIANA para homenagear uma grande amiga de infância, que se chamava Ana. Sua vocação para a música veio do avô paterno que, desde cedo, incentivava filhos e netos a tocarem algum instrumento, de tal modo que ainda na infância participou de uma banda denominada "XV de Novembro", na qual a menina Ely era a vocalista.
Para estudar, Eliana Macedo teve que se mudar para Nova Friburgo e depois para fazer o curso Normal foi para Cataguases, em Minas Gerais.

Sua estreia como atriz e cantora foi em 1948, pelas mãos de seu tio, o diretor de cinema Watson Macedo (irmão de sua mãe), um dos nomes mais importantes das nossas telas nos anos 40 e 50 e um dos diretores que ergueram a Companhia Atlântida Cinematográfica. O filme foi “E o mundo se diverte”.

Eliana logo se transformou em uma das estrelas dos filmes produzidos e dirigidos por seu tio e logo se tornou em uma das mais destacadas atrizes do cinema brasileiro nas décadas de 40 e 50. Seu primeiro grande papel foi em “Carnaval no Fogo” de 1949, em que interpretou dois papéis. 

Gravou e interpretou em seus filmes várias composições, a maioria em dupla com Adelaide Chiozzo, destacando-se os sucessos "Pedalando", de Anselmo Duarte e Bené Nunes, "Bate o Bumbo Sinfrônio", "Encosta sua cabecinha "e" Vem Cá Sabiá ". Depois de consagrada no cinema , passou a fazer parte do cast da Rádio Nacional se apresentando com seu marido, desde 1950, o radialista Renato Murce, um dos pioneiros do Rádio no Brasil, da então Rádio Nacional (atual CBN).

A musa das chanchadas da Atlântida fez 26 filmes em uma carreira no cinema que durou mais de vinte anos. Ela contracenou com os grandes nomes do nosso cinema na época como: Anselmo Duarte, Adelaide Chiozzo, Cyll Farney, Trio Irakitã, José Lewgoy, Oscarito, Grande Otelo, entre outros muitos.

Em 1951, interpretou com Adelaide Chiozzo a canção"Beijinho Doce ", no filme: "Aviso aos Navegantes". No mesmo filme, interpretou sozinha "Bate o ponche de rum com frio Sinfrônio", de Humberto Teixeira. Em 1952, com Grande Otelo Cantou no filme "Carnaval Atlântida", o samba "No Tabuleiro da Baiana ", de Ary Barroso. No mesmo filme, também interpretou "Se esta rua fosse minha", de Mario Lago e Roberto Martins. Em 1953, gravou com Adelaide Chiozzo a marcha "Queria ser Padroeira", de Manoel Pinto e Aldari Almeida Airão e o samba "Com Pandeiro na mão", de Manoel Pinto, Jorge Gonçalves e D. Airão. Em 1958, no filme Alegria de Viver, exibiu seu talento de dançarina experimentando um novo estilo: o Rock'n roll.

Considerada uma das grandes estrelas do cinema nacional, foi vencedora em 1954 do Prêmio Saci – a maior premiação cinematográfica da ocasião – pelo trabalho em A Outra Face do Homem e a principal artista da Atlântida Cinematográfica, maior produtora de filmes brasileiros da época.

"No tabuleiro da baiana" , com Grande Otelo e Eliana Macedo, 1952.

Em 1964, após 26 filmes, abandonou a carreira no cinema no auge do estrelato quando as comédias musicais começaram perder espaço para os dramas realistas do Cinema novo, alegando que deixaria o gênero antes de seu esgotamento.

Fora das chanchadas destacou-se em dois filmes: “A Outra Face do Homem” de 1954 e “Alegria de Viver” de 1958. Na televisão fez uma participação na novela “Feijão Maravilha”, em 1979, na TV Globo, em que o autor Bráulio Pedroso fez uma homenagem aos atores, diretores e autores que fizeram parte dos anos de ouro das chanchadas brasileiras.


Eliana Macedo não teve filhos, deixando duas sobrinhas do falecido irmão Elinho: Mia Cristina e Mia Catarina. Em 2005, o acervo do marido Renato Murce, com cerca de 20 mil itens foi doado pela família ao Instituto Cravo Albin de MPB.

A atriz faleceu em 1990, no Rio de Janeiro, vitima de um infarto fulminante.

FILMOGRAFIA

  • 1948 - E O MUNDO SE DIVERTE, direção de Watson Macedo, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1949 - CARNAVAL NO FOGO, direção de Watson Macedo, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1950 - AVISO AOS NAVEGANTES, direção de Watson Macedo, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1950 - A SOMBRA DA OUTRA, direção de Watson Macedo, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1951 - AÍ VEM O BARÃO, direção de Watson Macedo, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1952 - CARNAVAL ATLÂNTIDA, direção de José Carlos Burle, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1953 - AMEI UM BICHEIRO, direção de Jorge Ileli e Paulo Vanderley, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1954 - NEM SANSÃO NEM DALILA, direção de Carlos Manga, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1954 - A OUTRA FACE DO HOMEM, direção de J.B:Tanko, da Atlântida Cinematográfica Ltda e Mulifilmes.
  • 1954 - MALANDROS EM QUARTA DIMENSÃO, direção de Luiz de Barros, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1955 - GUERRA AO SAMBA, direção de Carlos Manga, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1955 - SINFONIA CARIOCA, direção de Watson Macedo, da Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1956 - DEPOIS EU CONTO, direção de José Carlos Burle, da Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1956 - VAMOS COM CALMA, direção de Carlos Manga, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1957 - O BARBEIRO QUE SE VIRA, direção de Eurides Ramos, da Cinelândia Filmes.
  • 1957 - A DOUTORA É MUITO VIVA, direção de Ferenc Fekete, da Cinebrás.
  • 1957 - RIO FANTASIA, direção de Watson Macedo, da Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1958 - ALEGRIA DE VIVER, direção de Watson Macedo, da Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1958 - E O ESPETÁCULO CONTINUA, direção de José Cajado Filho, da Atlântida Cinematográfica Ltda.
  • 1959 - TITIO NÃO É SOPA, direção de Eurides Ramos, da Cinelândia Filmes.
  • 1960 - MARIA 38, direção de Watson Macedo, da Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1960 - SAMBA EM BRASÍLIA, direção de Watson Macedo, da Cinedistri e Watson Macedo Produções Cinematográficos.
  • 1961 - TRÊS COLEGAS DE BATINA, direção de Darcy Evangelista, da Cinedistri e Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1964 - UM MORTO AO TELEFONE, direção de Watson Macedo, da Watson Macedo Produções Cinematográficas.
  • 1975 - ASSIM ERA A ATLÂNTIDA, direção de Carlos Manga, da Atlântida Cinematográfica Ltda.


CURTA METRAGEM

TELEVISÃO

  • 1979 - FEIJÃO MARAVILHA, telenovela da Rede Globo

PRÊMIOS

  • 1953 - Eliana recebeu o prêmio Menção Honrosa por sua atuação em "Amei um bicheiro", dirigido por Jorge Ileli e Paulo Wanderley, Iº Festival de Cinema do Distrito Federal, no Rio de Janeiro.
  • 1954 - Eliana recebeu o prêmio Saci de melhor atriz por sua atuação em "A outra face do homem", dirigido por J.B.Tanko, em São Paulo
  • 1954 - Eliana recebeu o prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz por sua atuação em "A outra face do homem", dirigido por J.B.Tanko, em São Paulo.
  • 1957 - Eliana recebeu o prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz por sua atuação em "A doutora é muito viva", dirigido por Ferenc Fekete, em São Paulo.
  • 1959 - Eliana recebeu o prêmio de melhor atriz por sua atuação em "E o espetáculo continua", dirigido por José Cajado Filho, no II Festival de Cinema de Curitiba, em Curitiba, no estado do Paraná.
  • 1964 - Eliana recebeu o prêmio Troféu Dedo de Deus de melhor atriz por sua atuação em "Um morto ao telefone", dirigido por Watson Macedo, no I Festival de Cinema de Terezópolis, no estado do Rio de Janeiro.




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