JAMES BOND: CASSINO ROYALE 1954 - O FILME QUE "QUASE" MUDOU TUDO!

 Milhões de fãs (eu, inclusive) aguardam com ansiedade quem e COMO será o novo agente James Bond, agora que a Amazon comprou os direitos. Com certeza teremos (e são necessárias) mudanças no personagem. Nossa matéria aborda algumas das que ocorreram desde a apresentação de 007 ao publico. E convidamos a todos a debatermos sobre o assunto. vamos lá???

Primeiro é necessário deixar claro que não sou um critico especializado ou um catedrático em cinema, o que exponho a seguir é um ponto de vista amador, de um fã do personagem e especialmente do cinema. Não tenho pretensões de apresentar algo absolutamente incontestável, mas sim trocar ideias, respeitando as de outros e esperando tolerância para com as minhas (coisa rara hoje em dia)...

Tive o privilégio de conhecer o personagem quando foi interpretado por Sean Connery. Na realidade, nos cinemas estava ocorrendo a transição para Roger Moore e lembro que "Viva e Deixe Morrer" ainda estava em produção...Fiz uma matéria sobre meu primeiro encontro com o personagem bem aqui. O filme era "Só se Vive Duas Vezes", considerado por muitos um dos melhores filmes do agente durante a fase Connery, O filme ficou conhecido como "aquele do vulcão"...

Para muitos, como eu, Sean Connery se tornou a encarnação definitiva do agente. Era gentil e encantador com as mulheres; inteligente apesar da truculência e sabia bater em um vilão...Mas, muitos são de opinião de que a melhor personificação é a de Roger Moore (inclusive Ian Fleming, que o queria desde o inicio)...

A entrada de Moore já foi uma mudança significativa no personagem. O ator já havia sido sondado para o papel (o que desmente em suas memórias), mas estava preso as obrigações contratuais da série "O Santo" (matéria aqui). Talvez ele tenha sido sondado, por ser o ator escolhido por Fleming, depois de James Mason...

Quando Connery demonstrou intenção de sair, os produtores saíram a procura de um substituto. Moore não estava livre para o papel mais uma vez (estava preso a série "The Persuaders". Matéria aqui), por isto foi testado George Lazenby (seu primeiro papel no cinema). O filme era "A Serviço secreto de Sua Majestade" e embora os fãs não tenham gostado, o filme tem um roteiro muito bom. Inclusive custou US$ 7 milhões e teve bilheteria de US$ 82 milhões (!!!). Temos uma matéria bem aqui...

Quando Moore pode aceitar a proposta, exigiu que o humor fosse incorporado ao personagem. Embora o Bond de Connery fosse engraçado as vezes, o humor não era uma constante. Como Lazenby assinou para apenas um filme (aconselhado por seu empresário que achava o personagem 'obsoleto'), Connery aceitou voltar ao personagem uma ultima vez (com um salario enorme para a época), o filme era "Os Diamantes são Eternos"...

Este filme, foi o mais próximo possível de uma sequência antes de Daniel Craig, pois Bond estava a procura de Blofeld para vingar o assassinato de sua esposa (sim, Bond casou nos cinemas...). O filme também foi a primeira aventura do agente nos EUA e acrescenta mais humor do que os anteriores, talvez em preparação para a chegada de Moore...

Pessoalmente, acho este o pior filme da fase Connery, mas tecnicamente o filme é muito bem feito. Teve um custo de US$ 7,2 milhões e faturou nas bilheterias respeitabilíssimos US$ 117 milhões!!!!

 Em 1973, inicia-se oficialmente a 'era' Roger Moore com o filme "Viva e Deixe Morrer" a partir daí temos um Bond diferente. Moore apenas passou para os cinemas o que fazia como o personagem Simon Templar de "O Santo" e de Lorde Sinclair de "The Persuaders". Passamos a ter um Bond irônico, sínico, jocoso e canastrão (desculpem os fãs). Contra a vontade, Moore teve de cortar e escurecer o cabelo, mas com o tempo voltou a cor natural...

Também temos um agente que sabe tudo. Quando suas missões começavam, invariavelmente 'M' lhe perguntava o que ele sabia sobre determinado assunto e Bond dava uma aula sobre cada detalhe envolvido. E os filmes em si começaram a 'avacalhar' com o personagem. Em um deles por exemplo, Bond passa de smoking em um cipó, dando o grito de Tarzan!!!! Também se disfarçou de palhaço e de...crocodilo (!!!)... Foi protagonista de sete filmes. Foi o ator mais velho e que mais ficou no papel...

Em 1987, mais uma mudança no personagem (e não me refiro a atores). O ultimo filme de Moore foi "Na Mira do Assassino" de 1985, um filme consideravelmente melhor do que "Octopussy" (para mim, o ponto mais baixo de Moore). Um substituto começou a ser procurado. Pierce Brosnan foi sondado, mas estava preso ao contrato da série "Remington Steele" (não teria sido bom, pois seria uma continuação do estilo Moore)...

Foram considerados diferentes atores, como por exemplo...Mel Gibson (teria sido o fim!...Calma! Minha opinião). Também foi considerado Sam Neil (que declarou que nunca quis o papel). E se chegou a Timothy Dalton (indicado pela esposa do produtor)...Ator de teatro, Dalton não queria imitar Moore (achava que se sairia mal) e achou nos livros de Ian Fleming o tom a ser aplicado. 

Seu Bond deixou para trás a interpretação jocosa de Moore. Era um herói relutante que muitas vezes se sentia desconfortável com seu trabalho. (A intenção dos produtores era fazer um 'prequel' do agente, o que foi concretizado mais tarde com "Cassino Royale" e Daniel Craig). Os críticos gostaram da mudança e chegaram a dizer que 'era refrescante'. Mas e os fãs? 

Por incrível que pareça, ao contrário dos críticos, os fãs não gostaram do aumento da violência nos filmes. Em especial o segundo filme de Dalton "Permissão para Matar", onde Leiter amigo de Bond e agente da Cia é mutilado por um tubarão. Particularmente não gostei, porque Bond passou a perseguir contrabandistas de armas e traficantes de drogas, o que me pareceu abaixo dos padrões do agente...Mas, tem quem ache Dalton a melhor adaptação de 007...

O próximo filme de Bond seria "GoldenEye", e seria protagonizado por Dalton, porém questões legais levaram a um hiato de 6 anos! O contrato de Dalton expirou e ele 'caiu fora' da franquia. Foi preciso procurar um novo Bond e Pierce Brosnan foi procurado novamente e aceitou o papel. 

O filme foi o primeiro a ter um roteiro não baseado em alguma obra de Fleming. Somente o titulo foi tirado da propriedade que Fleming tinha na Jamaica. Brosnan deixou de lado a visão de Timothy Dalton e pegou alguma coisa da visão de Moore. Ou seja, o agente mudou mais uma vez. Os críticos gostaram do filme e declararam que Bond tinha conseguido se adaptar aos dias atuais (daquela época) com sucesso...

O orçamento foi o maior da franquia até então: US$ 60 milhões. Mas, a bilheteria compensou ao chegar a respeitáveis...US$ 356,4 milhões (594%)!! Só perde proporcionalmente para "Foguete da Morte" de 1979, que custou US$ 34 milhões e faturou US$ 210,3 milhões (618%). 

Apesar deste sucesso, confesso que foi o primeiro filme de Bond que me fez...dormir no cinema!! Tinha tudo para ser um filmaço, mas apesar de não desgostar de Brosnan, achei seu Bond muito superficial e caricato. Seu ultimo filme foi em 2002 e ficaríamos 4 anos esperando um novo exemplar...

Foi quando veio a última (e na minha opinião) e melhor mudança no personagem. Em 2006, fomos apresentados ao Bond de Daniel Craig. Eu havia assistido uns dois ou três filmes do ator e confesso que achei que iria ser 'um tiro n'água' sua escalação. E tive uma gratificante surpresa. 

O filme de 2006, "Cassino Royale" traz um Bond totalmente diferente dos demais. Craig consegue impor no personagem humanidade. Seu Bond é obstinado e vai se tornando violento a cada missão. A perseguição a pé no inicio do filme nos dá um vislumbre do que teríamos a partir dali. Ficamos cansados só de assistir aquele corre-corre. As lutas eram mais 'cruas' e violentas, nada de sofisticação e golpes maravilhosos. 

Bond tem medo. NÓS vemos isto, mas seus inimigos não. Ele é vingativo e ao mesmo tempo amoroso com aqueles que importam. Incluindo a própria "M' que desaprovava seus 'métodos'. Enfim, Craig reavivou a franquia. E o fez de maneira tão completa que há uma grande dificuldade em encontrar quem o substitua e principalmente que o supere. 

Agora só nos resta esperar, para sabermos o que a AMAZON conseguirá fazer. Há quem diga que deveria ser um seriado...Pode ser que funcione, porém como manter um ator o tempo que a série levar? Acho que deveriam ser filmes como tivemos até agora. Talvez possa se fazer uma releitura dos livros, atualizando a situação geopolítica, trazendo a trama para dentro do que enfrentamos hoje...São muitas possibilidades, que o futuro nos mostrará qual foi escolhida...

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