In Memoriam | LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO (1936 - 2025)
Infelizmente, mais uma
vez, volto a escrever um post desta série In Memoriam em razão do
falecimento de Luis Fernando Veríssimo, ontem, dia 30, sem dúvida um dos mais
populares escritores brasileiros das últimas décadas. É tão popular que furou a
bolha literária e se tornou até meme de internet, com suas frases.
Como todo mundo sabe, Luis
Fernando é filho de outro Veríssimo famoso, o Érico. Embora talvez a obra de
seu pai tenha mais magnitude literária, Luis Fernando foi um escritor que se
tornou mais popular em todo o território nacional, uma vez que não tinha as
restrições regionalistas de seu pai. Porém, escreveu poucos romances, destacando-se
sobretudo por crônicas publicadas em diversos jornais.
Nascido em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936, Veríssimo viveu parte da infância e da adolescência nos EUA, com sua família, na ocasião em que seu pai dava aulas na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Sua vida profissional iniciou-se em 1956, no departamento de arte da Editora Globo. Além do pendor para a escrita, Veríssimo também tinha talento como desenhista e, também, como músico de jazz. Fazia parte do grupo musical Renato e seu Sexteto, considerado o “maior sexteto do mundo”, porque tinha nove membros.
Em sua infinidade de obras de crônicas, podemos destacar alguns livros; entre eles, O analista de Bagé, no qual o protagonista é um psiquiatra da escola freudiana, porém com as características rudes do gaúcho do interior. O analista de Bagé ganhou inclusive uma versão em quadrinhos, desenhada por Edgar Vasques. Outro livro de grande sucesso foi Comédias da vida privada, cujas crônicas foram adaptadas para a TV, no programa humorístico homônimo da Globo, nos anos 90
Veríssimo ainda ficou
conhecido como cartunista, por ter criado personagens como As Cobras, em uma
popular tira de jornal, e, também, a Família Brasil. Outro personagem famoso
seu era Ed Mort, paródia de detetive à la Sam Spade, que ganhou HQ desenhada
por Miguel Paiva, além de um filme protagonizado por Paulo Betti. E também
não podemos nos esquecer da Velhinha de Taubaté, que Veríssimo criou para
criticar o regime militar, visto que a personagem era uma velhinha que
acreditava em todo que o governo dizia. Veríssimo ressuscitou a Velhinha da
Taubaté para criticar os governos de Fernando Collor e Fernando Henrique
Cardoso, mas no governo Lula ele aposentou a personagem. Apesar de ser um
esquerdista moderado, Veríssimo evitava falar mal de Lula, PT e cia.
Nos últimos anos,
Veríssimo diminuiu sua produção de crônicas para jornais e revistas, mas
tornou-se um escritor muito popular e best seller. Reportagem da Veja
o creditou como o escritor que mais vendia livros no Brasil. Infelizmente, ele
passou a padecer muito da saúde também, tendo um AVC em 2021, e ainda sofria de
Parkinson e problemas cardíacos, até ser internado com pneumonia na UTI do
Hospital Moinhos de Vento e vir a falecer.
Em suma, fica aqui meu
registro e minha homenagem a este que, sem dúvida, foi um dos escritores mais
populares do Brasil nessas últimas décadas. Como Rubem Braga, tornou a crônica,
considerada um gênero literário menos relevante, algo digno de nota.
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