Cinema em Foco: Do papel à telona - LOUCA OBSESSÃO (1990)

Neste post "INSANO" (como diria o amigo Paulo Cirino) vamos falar um pouco sobre "LOUCA OBSESSÃO", um suspense que marcou muita gente na década de 90, principalmente devido a cenas marcantes e a intensidade do terror psicológico em tela. Outrossim, além de ser um ótimo suspense cinematográfico é importante lembrar que se trata de uma adaptação da obra de Stephen King, Misery de 1987 (No Brasil o livro pode ser encontrado sob o título:'Angústia’). E se você acha que estou exagerando, saiba que em 2016 este roteiro foi adaptado para uma peça da Broadway que teve Bruce Willis interpretando o personagem central.

Não bastasse esses argumentos, registre-se que esta é a única adaptação de um livro de King a ser premiada no Oscar, No caso, Oscar de Melhor Atriz (1991) para Kathy Bates que também ganhou o Globo de Ouro (1991) como Melhor Atriz em Drama. 

SINOPSE: Paul Sheldon (James Caan), um escritor de best-sellers, é salvo de um acidente por uma fã que resolve levá-lo até a casa dela. Annie Wilkes (Kathy Bates) é uma enfermeira fanática pela personagem Misery Chastain. Paul, com as duas pernas quebradas e preso à cama, sente o alívio de não ter morrido tornar-se horror quando Annie descobre que Misery morre no último romance da série. Ela o obriga a queimar o manuscrito e exige que ele resgate Misery dos mortos. Escrever uma nova história será sua única garantia de vida.

Título: Louca Obsessão

Original:Misery

Ano:1990•País:EUA

Direção:Rob Reiner

Roteiro:William Goldman, Stephen King

Produção:Rob Reiner, Andrew Scheinman

Elenco:James Caan, Kathy Bates, Richard Farnsworth, Frances Sternhagen, Lauren Bacall, Graham Jarvis, June Christopher, Thomas Brunelle

Orçamento: US$ 20 milhões;

Bilheteria EUA: US$ 61,2 milhões;

Rob Reiner é o produtor-diretor deste longa, o qual estava em 'alta' na década de 80 e 90, afinal ele é o responsável por dois filmes eternizados nas memórias de vários cinéfilos mundo a fora: "Conta Comigo" (adaptado de um conto de Stephen King) e "Harry e Sally: feitos um para o outro". Depois que Reiner assistiu "O Iluminado" de Stanley Kubrick, ele resolveu também adaptar um livro de suspense do mestre Stephen King e até mesmo convidou Jack Nicholson para interpretar o personagem Paul Sheldon, mas Jack não aceitou, pois não desejava estrelar outra adaptação de um romance de Stephen King.

Quando Reiner solicitou a colaboração de William Goldman para trabalhar em 'Louca Obsessão’, foi a cena mais chocante do livro que atraiu a atenção do roteirista. "Eu não podia acreditar,” declarou Goldman em seu livro 'Which Lie Did I Tell? More Adventures in the Screen Trade’ (sem título em português). "Eu sabia que Annie não ia tornar as coisas fáceis para Paul. Mas eu jamais pensei que ela fosse capaz de ter uma conduta tão cruel. Então eu soube que tinha de escrever o filme." Caso você não saiba do que estou falando, recomendo que encerre essa leitura e assista o filme, caso contrário vamos prosseguir.

Não há como falar de Louca Obsessão sem revivermos aquela agoniante cena onde vemos a enfermeira Annie, calmamente contar a Paul sobre a prática de subjugação utilizada no Continente Africano, aplicada aos trabalhadores das minas de diamantes que tentavam fugir com as pedras preciosas. Eles sofriam um castigo que os deixava completamente mancos pelo resto da vida. Quando Paul implora por misericórdia, Annie coloca um pedaço de madeira entre as pernas dele, pega uma marreta, e lhe diz: “É pelo seu bem”. Então, ela desce violentamente o martelo e quebra seus tornozelos em dois rápidos golpes. “Meu Deus, como eu te amo,” ela diz com voz rouca, enquanto Paul definha em agonia. Dói só de de ver! 

Agora aqui vai uma curiosidade (spoiler) pra quem não leu o livro. Essa cena  no capítulo, no qual Goldman se baseou, é bastante diferente da cena rodada no filme. Na versão do livro de King, Annie não rompe os tornozelos de Paul. Ela amputa o pé esquerdo dele com um machado, e usa um maçarico para cauterizar a ferida produzida pelo corte. Segundo Goldman, a explicação do diretor que optou por "amenizar" a cena foi: “Eu fiquei acordado a noite toda. E eu simplesmente me dei conta de que não poderia me ouvir dizendo: ‘Ação!’ na hora de rodar aquela cena”.

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Como já mencionei o filme de baseia no livro de Stephen King intitulado "Misery", aqui no Brasil chamado de "Angústia" que é um trocadilho entre a tradução e a situação do personagem principal. Teria sido inteligente SE 'Misery' não fosse o nome da personagem principal do livro do escritor Paul Sheldon.

A sinopse oficial do LIVRO é a seguinte: "Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira foi que Annie Wilkes tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkes era perigosamente louca.Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, em “Misery - Louca Obsessão”, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo."

CURIOSIDADES:

• Stephen King costuma usar personagens que são escritores como seus alter-egos, ironicamente a decisão de Paul de acabar com Misery (personagem) foi semelhante à do próprio King, que anos depois resolveu acabar com a cidade sede da maioria de seus romances: Castle Rock (o nome da empresa Castle Rock Pictures é em homenagem a fictícia cidade do Maine). Ele escreveu "Trocas Macabras" com este objetivo, mas assim como o personagem Paul, posteriormente King continuou usando a cidade;
• o personagem Paul preso a cama acaba por escrever um livro melhor do que ele havia feito para matar Misery, também é um pouco da história pessoal de King que sofreu um grave acidente que poderia te-lo deixado paraplégico, e durante sua convalescênça ele passou a escrever e se tornou o mito que é; 
• uma fita de vídeo de Harry e Sally - Feitos Um para o Outro (1989), também dirigido por Rob Reiner, pode ser vista nas prateleiras da loja de uma das cenas;
• O diretor Will Frears e o cenógrafo, David Korins em 2015, adaptaram o roteiro do longa para uma peça na Broadway onde Laurie Metcalf interpreta Annie e Bruce Willis encarna o escritor encarcerado, Paul Sheldon.

O presente texto não teria sido possível sem a colaboração do amigo: Paulo Cirino! 

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