Cinema Noir: A MARCA DA MALDADE


Há algum tempo fiz uma postagem sobre “Laura” um clássico do filme ‘noir’, e nela declarei que gostava do gênero. E por coincidência recentemente acabou em minhas mãos uma lista, na verdade, três listas sobre filmes noir. Uma lista “8 Filmes Noir Imperdíveis”, outra “10 Filmes Noir que Você não Pode Deixar de Assistir” e a ultima “104 Filmes Noir”, como se não bastasse tive em mãos também a edição de 2013 do livro: “1001 Filmes que Você tem de Assistir Antes de Morrer”.

Tanto nas listas, quanto no livro, haviam alguns filmes em comum: "Laura", "Falcão Maltes", "Pacto de Sangue", "O terceiro Homem", e ...."A MARCA DA MALDADE". Porém, em minha opinião pessoal (fiquem à vontade em discordar) não consigo entender o por quê...pois este filme, embora tenha um legião de fãs, esta bem aquém dos outros. Como por exemplo 'O Falcão Maltes' ou "Laura'...

"A MARCA DA MALDADE" é um daqueles filmes clássicos de preconceito entre policiais de nacionalidades diferentes. Porém como todos os filmes noir há mais coisas sórdidas na mesma história. Então temos preconceito, corrupção, omissão, descaso e tolice. 

O filme tem uma “sacada” genial do diretor logo em seu inicio. A câmera mostra uma pessoa envolta em sombras (característico do gênero) que coloca uma bomba em um carro. Você consegue distinguir que é um homem e só. A câmera se fixa no veiculo, algumas pessoas começam a se aproximar, vários casais, um deles entra no carro e o liga.

Mas antes que consiga sair chega o casal formado por Charlton Heston, que representa o inspetor de policia mexicano Vargas, e Janet Leigh, que representa Susan sua esposa. A câmera passa a seguir o casal, mas se consegue ver as manobras do carro ao fundo, acontece que embora o casal entre em vielas e ruas paralelas eles sempre acabam por se encontrar com o veiculo. Inclusive se dirigem a chancela da fronteira lado a lado.


Ficamos esperando que o veiculo exploda e atinja o casal, mas isto não acontece. A bomba finalmente explode próximo a Vargas e sua esposa e os dois presenciam tudo. Como a explosão ocorreu no lado americano, Vargas não tem jurisdição para investigar.

Abaixo, o plano-sequência de entrada do diretor (genial):


É convocado então um dos melhores investigadores americanos Hank Quinlan (Orson Welles), que é obrigado a aceitar a participação de Vargas por motivos de diplomacia internacional, afinal a bomba foi ‘plantada’ no México e explodiu nos EUA. Também ficamos sabendo a respeito de Vargas, que ele esta envolvido na prisão de um importante criminoso mexicano e que esta em lua de mel...

Orson Welles, o investigador Quinlan
Mas Vargas é inteiramente envolvido com o trabalho, assim ao invés de ir desfrutar de sua nova esposa, começa a ajudar na investigação e ao fazer isto descobre que os métodos de Quinlan não são exatamente éticos. Como era de se esperar os dois começam um confronto.


Ai chegamos ao ponto em que não entendi o porque de "A Marca da Maldade” ser comparado com o ótimo “O Falcâo Maltes”. 

Gosto do ator Orson Welles e gosto do ator Charlton Heston, mas os dois contracenando é exatamente o que não gostei no filme. A animosidade de Quinlan com Vargas é inteiramente gratuita. Pode-se até considerar que ele é um estrangeiro e ainda mexicano, e isto poderia gerar o preconceito de Quinlan, mas esta explicação não é o suficiente para tamanha animosidade. 

Quinlan manda a esposa de Vargas (que é americana) para um hotel que pertencia ao tio do cara que Vargas prendeu!!! A interação dos dois personagens é confusa e suas atitudes incoerente com o que acontecia a sua volta. 

A personagem Susan também é um caso a parte: em que planeta, ou em que época uma mulher que sabe que seu marido investiga um cidadão perigoso e que poderiam haver represarias, ao ser abordada na rua por um inteiro desconhecido aceitaria seu convite para ir a um lugar desconhecido para “pegar um recado para seu marido”?!?!?!?!?!? 


Ela acompanha o cara até um hotel, onde tiram sua foto na entrada (com o desconhecido)! Entra no hotel com o desconhecido e vai até um quarto onde tem outro cidadão (tio do prisioneiro) altamente suspeito, que não lhe dá recado algum e diz que ela pode ir embora!


(Consta que as filmagens foram problemáticas e que houve conflitos entre atores e diretor e a questão da foto na cena que citamos acima demonstra isto. Ao acabar de assistir ao filme, a cena não tem a menor razão de ter sido realizada. Obviamente o propósito dela foi eliminado por mudanças no roteiro...)
Vargas por sua vez recém-casado só pensa no caso de assassinato, não da à mínima para a esposa. Coloca a mulher num hotel onde.......não há cortinas ou persianas!!! A mulher vai trocar a roupa e homens a ficam olhando do outro quarto!!! Com lanternas nas mãos!!! A mulher não diz nada! E Vargas ignora tudo e manda ela para outro hotel!! Fora da cidade!!!!!

Janet Leigh esta péssima no filme, mas pior do que ela só: Marlene Dietrich! Já não gostava dela em outros filmes, depois deste passei a odiar. Seu método de representar era sempre o mesmo: uma expressão congelada no rosto, um cigarro caído no canto da boca. Parecia ser exatamente o que representava: uma prostituta. Seu papel era 100% desnecessário...


Mesmo Heston não esta bem no papel. Já Orson Welles exalava decadência. Filmado em close, sempre suado, parecendo bêbado mesmo quando não bebia. Gordíssimo. 



Obviamente o que foi exposto é opinião pessoal. Não sou profissional de cinema ou de critica. Mas com certeza, se eu tivesse feito alguma das listas citadas no inicio da postagem, não teria coragem de colocar "A Marca Da Maldade" ao lado dos demais filmes constantes nela....

Mas, você pode discordar a vontade. Sei que há muitos fãs deste filme espalhados por ai...E peço desculpas a todos, mas sabe como é...gosto varia de pessoa para pessoa.

Assistir ao filme...

Você poderá assistir ao filme no link abaixo e tirar suas próprias conclusões. A cópia é dublada. Divirtam-se.




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